Start no julgamento do Bolsonaro no STF, Trump vs. Maduro e mais
Resumo da semana (08 de setembro), fique por dentro de tudo que aconteceu de mais importante na economia, política e mercado financeiro na última semana!
Principais manchetes para começar a semana atualizado(a)!
📝 O julgamento do Bolsonaro no STF
🤔 O congresso quer demitir diretores do Banco Central?
📊 Como anda a economia brasileira?
📌 Por que Trump está tão preocupado com a Venezuela?
🔒 Banco Central barra a aquisição do Banco Master pelo BRB
O julgamento do Bolsonaro no STF
Na última terça-feira (2), o Supremo Tribunal Federal (STF) deu início ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros 7 réus por tentativa de golpe de Estado em 2022.
🔍 Highlights do primeiro dia
A análise do caso ocorre na 1ª Turma do STF e começou com declarações firmes do ministro Alexandre de Moraes, que defendeu a “imparcialidade e independência” do STF, mesmo diante de pressões internas e influências de atores externos, como os comentários do ex-presidente americano Donald Trump.
Em seguida, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou o parecer final da acusação, defendendo a condenação com base em provas robustas, ressaltando que “crime de golpe de Estado não exige ordem assinada”, e que o próprio grupo criminoso documentou boa parte do plano sabotador.
Para fechar o dia, as defesas de Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres se manifestaram, reagindo com vigor, negando qualquer envolvimento dos réus.
🔍 Highlights do segundo dia
O segundo dia foi marcado pelo restante das sustentações orais.
Todas as defesas alegaram inocência e criticaram duramente o processo, alegando imparcialidade por Moraes e questionando a credibilidade da delação de Mauro Cid.
A equipe de defesa de Bolsonaro ainda negou a existência de plano golpista e classificou a atuação do ex-presidente nos atos como sendo “arrastado” por terceiros. Ademais, ainda afirmaram que não vão permitir que o processo se torne uma “versão brasileira e atualizada do emblemático Caso Dreyfus”.
📝 Próximos passos:
O julgamento será retomado na terça-feira (9), às 9h, com a primeira votação feita pelo relator, Alexandre de Moraes. Em seguida, votarão os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e, por último, Cristiano Zanin.
A maioria (3 de 5 votos) definirá o veredicto.
O congresso quer demitir diretores do Banco Central?
Líderes da Câmara dos Deputados apresentaram um projeto de lei que dá ao Congresso o poder de exonerar diretores do Banco Central, inclusive seu presidente. A proposta prevê demissão em caso de “atuação incompatível com os interesses nacionais”, um critério vago que abre margem para pressão política.
🎯 Objetivo da proposta
A intenção política é clara: reaver controle sobre a política monetária em um momento de embates entre o Executivo, o Legislativo e o Banco Central — especialmente em relação à taxa de juros.
O projeto conta com apoio de mais de 300 deputados, número suficiente para acelerar sua tramitação na Câmara.
🤔 Por que isso importa?
A medida representa uma ameaça direta à autonomia do Banco Central, estabelecida por lei em 2021. Atualmente, diretores têm mandatos fixos e só podem ser removidos por motivo justificado, com critérios técnicos.
A mudança daria ao Legislativo uma ferramenta para pressionar a política monetária conforme interesses políticos de curto prazo.
Com isso, decisões sobre juros, controle da inflação e acesso ao crédito poderiam ser politizadas, tornando-se reféns do calendário eleitoral — o que pode aumentar a percepção de risco do país e afastar investimentos.
🌍 Contexto internacional
Esse tipo de movimento não é exclusivo do Brasil. Nos EUA, o ex-presidente Donald Trump vem defendendo abertamente que o Federal Reserve seja mais “submisso” à Casa Branca, também ameaçando sua independência.
O risco global é que os bancos centrais passem a responder a pressões políticas, em vez de fundamentos econômicos.
O novo CPF dos imóveis
A Receita Federal regulamentou o Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB) e o Sistema Nacional de Gestão de Informações Territoriais (SINTER). A partir de 2025, todos os imóveis do país terão um código único, como se fosse um “CPF do imóvel”, com informações centralizadas e atualizadas em tempo real por cartórios, prefeituras e governos estaduais.
🎯 Objetivo da proposta
O objetivo é criar uma base unificada de dados sobre os imóveis brasileiros, com foco no valor de mercado real de cada propriedade.
Hoje, o cálculo do IPTU e outros tributos é feito com base em valores defasados, geralmente muito abaixo do valor comercial dos imóveis. Com a nova base, esses valores passam a refletir com mais precisão os preços reais de mercado.
🤔 Por que isso importa?
Embora a alíquota dos impostos como o IPTU não mude, a base de cálculo será atualizada para refletir o valor real de mercado, o que pode resultar em aumentos expressivos nas cobranças, especialmente em regiões valorizadas onde os imóveis estão hoje subavaliados.
Em resumo, o sistema oferece mais transparência e controle para o governo, mas pode pesar no bolso do contribuinte, especialmente em um momento de inflação elevada e custo de vida em alta.
Além disso, pode haver efeitos sobre o mercado imobiliário, já que imóveis com alto IPTU se tornam menos atrativos para locação ou revenda;
Como anda a economia brasileira?
O Brasil segue crescendo, mas a passos mais curtos, sob pressão da política monetária rígida, desaceleração industrial e rombo nas contas públicas.
📉 PIB desacelera com queda nos investimentos
No 2º trimestre de 2025, o Produto Interno Bruto cresceu 0,4%, mantendo o país em seu 16º trimestre consecutivo de crescimento, mas em ritmo bem mais lento que os 1,3% registrados no 1º trimestre.
No ranking de 49 países, o Brasil teve o 32º melhor desempenho trimestral, atrás de China (1,1%), EUA (0,8%) e México (0,6%).
🔍 O freio principal veio da Selic mantida em 15% ao ano, que encarece o crédito, desestimula investimentos e atinge em cheio setores como construção civil e indústria de transformação. A agropecuária, que vinha sustentando parte do crescimento, também recuou 0,1% no período.
Apesar disso, o setor de serviços (+0,6%) e a indústria (+0,5%) ajudaram a manter o PIB no azul. Do lado da demanda, o consumo das famílias subiu 0,5%, apoiado no mercado de trabalho aquecido e nos programas sociais.
🏭 Enquanto o PIB ainda apresenta crescimento, o setor industrial dá sinais preocupantes…
O PMI industrial de agosto caiu para 47,7 pontos, marcando o quarto mês consecutivo de contração e o pior resultado desde junho de 2023.
🔍 Dois choques simultâneos explicam esse desempenho:
Tarifaço dos EUA: entrou em vigor atingindo 56% das exportações brasileiras para os EUA, afetando fortemente a indústria de transformação.
Juros altos: com a Selic elevada, empresas enfrentam crédito mais caro e retraem produção e investimentos. Em resposta, o ritmo de corte de vagas foi o mais intenso desde abril de 2023.
A expectativa é que a indústria puxe o PIB para baixo no segundo semestre, com efeitos colaterais no comércio e no investimento privado.
💸 Rombo fiscal pressiona o cenário
Do lado fiscal, as contas do governo central registraram déficit primário de R$ 59,1 bilhões em julho, o segundo pior resultado da série histórica (atrás apenas de 2020, durante a pandemia).
O problema vem do crescimento expressivo das despesas, alta de +28,3% (R$ 260 bilhões) no período frente a um crescimento modesto de 3,9% da receita.
Mesmo com queda do desemprego e arrecadação em alta, o déficit acumulado de R$ 70,3 bilhões entre janeiro e julho preocupa. Especialistas apontam que sem um ajuste fiscal mais firme, a dívida pública pode acelerar mais que o PIB, fragilizando ainda mais o equilíbrio macroeconômico.
✍️ Em resumo:
O Brasil vive um momento delicado. Por um lado, há crescimento, consumo resiliente e mercado de trabalho estável. Por outro, juros altos, indústria em retração e contas públicas no vermelho sinalizam riscos crescentes.
Por que Trump está tão preocupado com a Venezuela?
Dois caças da Venezuela sobrevoaram, em atitude hostil, o destróier norte-americano USS Jason Dunham, que navegava em águas do Caribe.
A movimentação ocorreu em meio à maior mobilização militar dos EUA na região desde 1989, com o envio de navios de guerra, aviões e mais de 4 mil soldados.
🤔 Por que Trump está de olho na Venezuela?
Oficialmente, o governo americano justifica a mobilização como parte do combate ao narcotráfico, especialmente porque entre 10% e 13% da cocaína global passaria pela Venezuela.
🔍 Mas, será mesmo…?
Especialistas veem essa justificativa como um pretexto. A verdadeira motivação pode estar na disputa por petróleo e influência geopolítica.
A Venezuela detém as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo e comercializa cerca de 90% da sua produção com a China, movimento que incomoda Washington.
Assim, desestabilizar Maduro é também enfraquecer a presença chinesa no que os EUA consideram seu “quintal estratégico”.
E o momento é oportuno, diante a crise humanitária e o colapso econômico do país Maduro se encontra enfraquecido internamente, abrindo uma janela para pressões externas por mudança de regime.
Novo ataque ao Pix ameaça bancos e fintechs
Na última sexta-feira (29), a empresa de tecnologia bancária Sinqia teve seus sistemas comprometidos por invasores que exploraram brechas no sistema do Pix.
A Sinqia, que conecta diversas instituições financeiras ao Banco Central, foi desligada temporariamente do sistema enquanto a investigação prossegue.
📊 Impacto financeiro
O HSBC Brasil perdeu cerca de R$ 630 milhões, e a fintech Artta teve R$ 40 milhões desviados, totalizando aproximadamente R$ 670 milhões roubados.
As estimativas indicam que o prejuízo pode ultrapassar R$ 1 bilhão, atingindo até 20 instituições financeiras.
🤔 Como foi o ataque?
Os criminosos utilizaram o acesso da Sinqia como porta de entrada e movimentaram os recursos via Pix para empresas de fachada quase inativas, pulverizando o dinheiro e dificultando o rastreamento.
Diferente do ataque à C&M Software, onde parte do dinheiro foi convertido em criptomoedas, desta vez os valores permaneceram dentro do sistema bancário tradicional, o que deve facilitar a investigação e recuperação.
👉 Esse é o terceiro grande incidente cibernético em apenas dois meses.
C&M Software (julho): golpe de mais de R$ 1 bilhão, com parte dos valores indo para criptomoedas.
Sinqia (agosto): prejuízo estimado entre R$ 670 milhões e R$ 1 bilhão.
Monbank (início de setembro): desvio de R$ 4,9 milhões (quase totalmente recuperados).
Banco Central barra a aquisição do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB)
O Banco Central indeferiu a aquisição do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), operação que vinha sendo analisada desde março.
Em junho, o Cade já havia aprovado a operação sem restrições, por entender que a participação conjunta no mercado não ultrapassaria 20%, agora faltava apenas a autorização final do Banco Central.
O acordo previa a compra de 49% das ações ordinárias, 100% das preferenciais e 58% do capital total do Master, em operação avaliada em cerca de R$ 2 bilhões.
🤔 Por que o BC vetou?
As preocupações do regulador vão além da estrutura da operação.
O Banco Master possui vulnerabilidades estruturais, com necessidade significativa de capitalização, exposição elevada a ativos ilíquidos (como precatórios e créditos judiciais) e dependência de dívidas de alto rendimento garantidas pelo FGC.
O BC agiu para preservar a estabilidade do sistema financeiro, evitando que um banco público absorvesse riscos considerados desproporcionais.
O BRB sentiu
As ações do BRB chegaram a cair mais de 10% no dia e fecharam com 5,56% na quinta-feira (4). O mercado já havia precificado a compra, com as ações do Banco subindo quase 20% depois do anúncio de aquisição, que parecia muito vantajoso. Agora, com a quebra de expectativa o mercado desfaz sua posição.
Petz + Cobasi: Cade prorroga análise da fusão
Ainda falando sobre aquisições e fusões, o Cade sinalizou a possibilidade de realizar uma audiência pública para discutir a fusão entre Petz e Cobasi.
A ideia partiu da deputada federal Gisela Simona (União-MT), que busca ampliar o debate sobre os impactos da operação, reunindo parlamentares, especialistas, representantes do mercado e consumidores.
Paralelamente, o relator do caso, José Levi Mello do Amaral Júnior, prorrogou o prazo de avaliação até o fim do ano devido à complexidade do processo, solicitou novos estudos sobre o mercado online e o comportamento do consumidor e determinou a anexação de nota técnica do Instituto Caramelo e do IPSConsumo.
🤔 O que está por trás da decisão?
As preocupações centrais envolvem o risco de formação de monopólios locais e impacto negativo sobre pet shops independentes. Segundo o estudo citado:
A presença conjunta de Petz e Cobasi aumenta em 35% a probabilidade de fechamento de pet shops locais.
A fusão poderia gerar centenas de monopólios regionais, afetando diretamente a concorrência.
Há risco de aumento de preços de itens essenciais, como rações e medicamentos veterinários, com impacto direto nos tutores de animais.
Saiba mais em: Petz (PETZ3): Cade prorroga análise e pode convocar audiência | Drops
Taurus (TASA4) leva montagem aos EUA após tarifa de 50%
A Taurus (TASA4) anunciou um plano emergencial para contornar a tarifa extra de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros do setor de armas. A medida mais relevante é a transferência da montagem da linha G para os EUA, com início já em setembro.
Além disso, a empresa ajustou seus preços de transferência e adotou uma estratégia de repasse parcial dos custos ao mercado americano.
O objetivo é manter a competitividade no maior mercado de armas leves do mundo, onde o custo adicional foi classificado pelo CEO Salésio Nuhs como “quase um embargo”.
🔍 Por trás desse movimento
A tarifa torna inviável a absorção integral dos custos sem perder margem em um setor de alta concorrência. Assim, para preservar rentabilidade:
Montagem nos EUA reduzirá a base de incidência da tarifa (tributação apenas sobre peças, e não sobre produto final).
A Taurus antecipou exportações e montou estoque estratégico nos EUA.
Repassou 7% em preços ao consumidor americano e absorveu cerca de 3% do impacto internamente.
Contratou o Ballard Group, grupo de lobby que também atua para a Embraer, buscando exceções à tarifa em Washington.
No Brasil, a empresa recebeu apoio fiscal do governo do RS (créditos de ICMS) e aplicou férias coletivas para 40 funcionários em uma das subsidiárias.
👉 Segundo os executivos, a rapidez na tomada de decisão foi decisiva para enfrentar o choque regulatório. Apesar do cenário desafiador, a empresa afirma que seguirá lucrativa e resiliente frente às adversidades externas.