PCC e o esquema bilionário, Bolsonaro vira pauta internacional e mais
Resumo da semana (01 de setembro), fique por dentro de tudo que aconteceu de mais importante na economia, política e mercado financeiro na última semana!
Principais manchetes para começar a semana atualizado(a)!
🔍 Um raio-x do esquema bilionário do PCC
📝 Bolsonaro vira pauta internacional
🤔 Seria Tarcísio o novo favorito para as eleições de 2026?
🙏 Venezuela pede ajuda à ONU contra os EUA
😬 Trump afasta Lisa Cook
Um raio-x do esquema bilionário do PCC
Operação Carbono Oculto, esse é o nome dado pelo Ministério Público de São Paulo a uma ação deflagrada em 28/08/2025 para desarticular um esquema bilionário de sonegação e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis ligado ao PCC.
A ofensiva, aconteceu em sincronia com duas frentes da PF batizadas de Quasar e Tank, mobilizando cerca de 1.400 agentes e cumprindo mais de 400 mandados em pelo menos oito estados brasileiros.
O MJSP consolidou que as investigações mapeiam cerca de R$ 140 bilhões em movimentações ilícitas nos diferentes braços do esquema.
✍️ Como se dava o esquema?
Ele se sustenta em 3 principais pilares:
Extração de margens ilícitas na cadeia de combustíveis;
Circulação opaca de recursos via fintech;
Ocultação por meio de fundos e ativos reais.
Etapa 1: o topo da cadeia
Empresas ligadas ao PCC importavam combustíveis e insumos (como nafta e outros hidrocarbonetos) e os enviavam para formuladoras e distribuidoras da própria rede.
Apenas entre 2020 e 2024, os investigados importaram mais de R$ 10 bilhões em combustíveis.
Etapa 2: adulteração e sonegação nos postos
Nessas formuladoras, distribuidoras e postos vinculados, além da sonegação de impostos, o PCC coordenava outras duas fraudes principais:
A primeira se trata da “Bomba baixa”, quando o posto abastece menos combustível do que mostra no visor para o cliente.
A segunda, era a adulteração desse combustível, misturando outras substância, como o metanol, para reduzir custos e aumentar a margem.
Etapa 3: lavagem de dinheiro por meio de postos de fachada
Estima-se que cerca de 140 postos, fora de funcionamento, receberam R$ 2 bilhões em notas fiscais de combustíveis. Lojas de conveniência, administradoras dos postos e até padarias eram usadas para absorver espécie e espalhar o dinheiro no sistema.
Etapa 4: consolidação financeira via fintech (“banco paralelo”)
O núcleo financeiro operava em uma instituição de pagamento que, na prática, funcionava como banco paralelo. O esquema usava a conta-bolsão (conta única, em banco, em nome da fintech) para misturar recursos de todos os clientes e compensar valores entre distribuidoras, postos e, adiante, fundos de investimento.
Entre 2020 e 2024, essa fintech movimentou mais de R$ 46 bilhões e recebeu diretamente espécie; só em 2022–2023, foram 10,9 mil depósitos em dinheiro, somando R$ 61 milhões.
A Receita descreve brechas regulatórias exploradas à época, que ampliavam a opacidade desse fluxo.
Etapa 5: blindagem patrimonial por fundos
Para dar aparência de legalidade e ocultar beneficiários finais, o dinheiro era reinvestido por meio de ao menos 40 fundos (em geral fechados e de um único cotista, muitas vezes outro fundo), que somavam ≈ R$ 30 bilhões em patrimônio.
Esses veículos compravam ativos reais de grande porte e capilaridade: um terminal portuário, quatro usinas de álcool (com outras duas em negociação), ≈1.600 caminhões e 100+ imóveis (incluindo seis fazendas no interior de SP e uma residência em Trancoso/BA).
O que criava camadas de ocultação sobre quem era o verdadeiro dono do patrimônio e de onde vinha o dinheiro.
🔍 Desdobramentos imediatos da operação
Houve bloqueio e sequestro de bens e valores (inclusive o sequestro integral de fundos investigados), com cifras que chegam à casa do bilhão de reais em medidas cautelares.
Em paralelo, a PF, via Quasar e Tank, mapeou >R$ 23 bilhões em movimentações no setor e prendeu alvos ligados a adulteração e “bomba baixa”, ampliando o cerco sobre a rede logística e financeira.
Bolsonaro vira pauta no The Economist
Na última quinta-feira (28 de agosto), o jornal britânico, The Economist, publicou um editorial analisando o início do julgamento de Bolsonaro, descrevendo-o como um exemplo de uma democracia que tenta responsabilizar um ex-presidente acusado de tentativa de golpe.
🤔 O que o jornal falou?
A revista enquadra o julgamento como uma ótima oportunidade para o Brasil encerrar um ciclo de polarização e paralisia, desde que o processo seja percebido como justo, transparente e técnico.
Além disso, a publicação sustenta que o Brasil oferece aos EUA uma lição de maturidade institucional:
A ideia de que a lei vale para todos, inclusive para ex-presidentes, em contraste com o ambiente americano no qual normas vêm sendo erodidas.
Seria Tarcísio o novo favorito para as eleições de 2026?
Nos bastidores do Centrão, o clima é de “decisão tomada”. Líderes de União Brasil e PP, agora federados na União Progressista, além de PL e Republicanos, tratam Tarcísio de Freitas como o nome preferencial para 2026.
A avaliação é que ele é competitivo nacionalmente e tem menos desgaste que outros nomes do campo.
O movimento ganhou força depois que vieram a público mensagens coletadas pela Polícia Federal em que Eduardo Bolsonaro critica o pai e o próprio Tarcísio. Para dirigentes do Centrão, isso mostrou fissuras na família Bolsonaro e abriu espaço para o governador ganhar mais autonomia sem romper com esse eleitorado.
🤔 O assunto movimentou o mercado financeiro
O Ibovespa (IBOV) renovou a sua máxima histórica intradia na manhã de quinta-feira (28), alcançando os 142.138,27 pontos, após a pesquisa LatAm Pulse, realizada pela AtlasIntel a pedido da Bloomberg News ter sido divulgada.
Segundo ela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficaria atrás de Tarcísio de Freitas, candidato com preferência do mercado, em um eventual segundo turno da corrida presidencial.
Tarcísio registrou 48,4% das intenções de voto contra 46,6% de Lula.
A AtlasIntel ouviu 6.238 pessoas em todo o Brasil entre 20 e 25 de agosto, com margem de erro de um ponto percentual e nível de confiança de 95%.
A subida também foi motivada pela expectativa de afrouxamento monetário nos Estados Unidos já em setembro após novos dados econômicos.
Bets faturam R$ 17,4 bi no 1º semestre
Conforme levantamento da Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA-MF), as casas de apostas, ou bets, tiveram uma receita bruta total de R$ 17,4 bilhões no acumulado do primeiro semestre do ano de 2025.
📊 O que os dados mostram:
O governo contabilizou 17,7 milhões de brasileiros que fizeram apostas de quota fixa no período. A receita bruta (GGR), definida como o total apostado menos os prêmios pagos, somou R$ 17,4 bilhões.
Ou seja, em média, cada usuário ativo gastou R$ 983 no semestre (R$ 164/mês).
Desde outubro, houve ainda 15.463 páginas de sites ilegais bloqueadas e em torno de R$ 3,8 bilhões arrecadados em tributos/destinações, além de R$ 2,2 bilhões em outorgas e R$ 50 milhões em taxas de fiscalização.
Venezuela pede ajuda à ONU contra os EUA
Após os Estados Unidos enviarem mais 8 navios de guerra para a costa da Venezuela, o governo de Nicolás Maduro acionou a ONU pedindo apoio.
👉 De um lado, os EUA justificou a operação dizendo que Maduro é um ditador ligado ao narcotráfico.
👉 Do outro, a Venezuela acusa os americanos de inventarem narrativas para justificar as ameaças e tentativas de derrubar o governo.
Como resposta direta, Caracas colocou drones e navios da Marinha para patrulhar suas águas e mobilizou 15 mil agentes na fronteira com a Colômbia.
Trump e a autonomia do Banco Central Americano
Na última terça-feira (26), o presidente Donald Trump comunicou que estava afastando Lisa D. Cook do Conselho de Governadores do Federal Reserve, alegando “justa causa” com base no §242 da Lei do Fed.
Cook respondeu, contestando a medida como ilegal e sem precedentes, lembrando que seu mandato vai até 2038 e que governadores do Fed só podem ser removidos “por causa” (não “ad nutum”).
✍️ O que Trump alega?
A Casa Branca sustenta ter “causa suficiente”, citando acusações ligadas a documentos de hipoteca anteriores ao mandato; não há acusação criminal contra Cook.
O governo pediu à Justiça autorização para tornar o afastamento imediato. A defesa afirma que os fatos invocados não configuram os critérios de “ineficiência, negligência no dever ou malversação no cargo” tradicionalmente associados ao padrão “for cause”.
🤔 Por que isso importa?
A remoção de um governador do Fed nunca ocorreu e toca no coração da independência do banco central. A imprensa e autoridades europeias alertam para o risco sistêmico caso a Casa Branca consiga intervir na composição do Board por motivos políticos; o caso pode escalar até a Suprema Corte.
Até aqui, não há decisão final: uma audiência em 29/08 terminou sem sentença, e Cook permanece no cargo enquanto o processo tramita.
Puma dispara na bolsa após rumores de venda
A maior alta em 20 anos. As ações da Puma SE dispararam no dia 25/08 (intraday de +16% a +21%) após uma reportagem indicar que a família Pinault avalia vender sua fatia de ~29% na companhia, hoje detida via a holding Artémis.
📈 O gatilho do rali
O rumor partiu de reportagens da Bloomberg e foi confirmado como “em avaliação” por fontes ouvidas por Reuters: a Artémis teria contratado assessores e sondado interessados para sua fatia.
Oficialmente, a Artémis não comentou.
O ponto-chave é que se trata de estudo de opções (inclui venda, mas não garante que ela ocorrerá), o que explica por que o papel devolveu parte da alta no pregão seguinte.
😬 São tempos difíceis para a Puma
Semanas antes, a Puma reviu para baixo o guidance e passou a projetar prejuízo (EBIT) em 2025, citando vendas mais fracas, câmbio e tarifas dos EUA, além de um 2º tri com vendas de €1,94 bi e EBIT reportado de –€98 mi (por itens não recorrentes). O papel vinha acumulando forte queda no ano antes do rumor.
Se a Artémis realmente vender 29%, isso não implica controle automático de quem comprar, mas muda o “poder de mesa”, influencia o conselho e pode abrir caminho para ajustes de estratégia e de gestão.
Com isso, a leitura de parte do mercado é que uma mudança de acionista relevante pode destravar valor, após um ano difícil para a marca.
B3 (B3SA3) compra 62% da Shipay por R$ 37 milhões
A B3 anunciou a compra de 62% do capital da Shipay Tecnologia por R$ 37 milhões, a serem pagos no fechamento da operação. O contrato prevê opção para aquisição da fatia remanescente até 2030, condicionada ao cumprimento de metas.
🤔 Quem é a Shipay (e o que ela faz)?
A Shipay integra Pix, carteiras digitais e QR Code ao PDV, e-commerce e ERPs, atuando como “camada” de pagamentos para varejo e serviços. É parceira da B3 em tecnologias de pagamento e tem APIs para Pix dinâmico e outras carteiras.
📊 A aquisição é positiva para a B3
Esse movimento reforça a estratégia da B3 de ampliar soluções de infraestrutura no mercado de crédito e em serviços financeiros, agregando capacidades de integração de pagamentos.
A B3 já vem ampliando sua atuação em meios de pagamento e tem autorização do BC como Iniciador de Transação de Pagamento (ITP) via Pix desde 2024. Incorporar uma integradora como a Shipay ajuda a encurtar o “time-to-market” de produtos ligados a recebíveis/duplicatas e liquidação, áreas em que a B3 vem investindo.
Deflação em agosto não anima tanto quanto parece
Depois de meses de alta, a prévia da inflação oficial no Brasil voltou a cair. O IPCA-15 recuou 0,14% em agosto, a primeira deflação mensal desde julho de 2023.
O resultado foi puxado por energia elétrica, que ficou quase 5% mais barata, e pela queda de preços em alimentos como manga (-20,9%), batata (-18,7%), cebola (-13,8%) e tomate (-7,7%).
🔍 Mas nem tudo foi alívio.
Itens de serviços voltaram a subir, refletindo o mercado de trabalho aquecido.
Gastos com saúde, higiene pessoal e planos de saúde pesaram mais, e até os jogos de azar entraram na conta, com alta de 11,4% após reajuste de julho.
😬 Embora positivo, os dados ficaram aquém do esperado.
Analistas projetavam uma baixa próxima de 0,20%, o que faz com que o resultado reforce uma leitura ambígua:
👉 Por um lado, a queda de alimentos e energia garante um alívio imediato no bolso.
👉 Por outro, a persistência de preços de serviços e despesas recorrentes indica que o Banco Central terá dificuldade para cortar os juros no ritmo que parte do mercado esperava.
Em outras palavras, para muitos analistas, a deflação de agosto foi mais efeito pontual do que sinal de tendência.