O match de Lula e Trump, Highlights da Assembleia da ONU, IBOV voando e mais
Resumo da semana (29 de setembro), fique por dentro de tudo que aconteceu de mais importante na economia, política e mercado financeiro na última semana!
Principais manchetes para começar a semana atualizado(a)!
🫂 O encontro de Lula e Trump
📢 IBOV bate máxima histórica!
❌ Não vai ter fusão de Gol e Azul
💔 O término de Buffett e BYD
😬 Ambipar quaseeee em recuperação judicial?
O encontro entre Lula e Trump
It’s a match. Na última terça-feira (29), pela primeira vez, Lula e Donald Trump se encontraram. Tudo aconteceu logo na abertura da Assembleia Geral da ONU, onde os presidentes se cruzaram nos bastidores.
📌 39 segundos marcantes
A interação foi breve, 39 segundos, mas o suficiente para o presidente americano “sentir uma química”, como posto por ele durante o seu discurso.
Trump chegou a dizer que Lula parece ser um homem agradável e que vão se encontrar ainda nessa semana.
✅ O aceno é positivo, mas deve ser levado com cautela.
Como bem sabemos há tempos a relação entre Brasil e Estados Unidos está bem estremecida. Tarifaço de 50%, sanções a Alexandre de Moraes, críticas explicitamente direcionadas ao Brasil…
Como posto pelo vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, a relação entre Brasil e EUA está no “ponto mais sombrio em dois séculos”.
Especialistas encaram esse aceno de Trump como algo positivo e de grande importância estratégica para o Brasil, agora existe um canal aberto para negociações entre os países, que pode ser bem aproveitada, se lidada com cautela.
Afinal, com Trump é sempre bom manter o olho aberto. Ele têm o costume tratar as pessoas com uma certa intimidade, preparando o terreno para depois propor um negócio que a outra parte fique impossibilitada de dizer não.
📌 Mantendo a tradição, o Brasil abriu a cerimônia da ONU.
Em seu discurso Lula:
Defendeu que a “única guerra” que todos podem vencer é contra a fome e a pobreza, citando que o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome e pedindo reorientação de recursos globais para desenvolvimento.
Reforçou que democracia também se mede por condições sociais, cobrou regulação responsável das plataformas digitais e afirmou que a internet não pode ser “terra sem lei”.
No plano político, jogou um shade (sem citar diretamente) nos Estados Unidos, repudiando “ataques unilaterais” à soberania e às instituições brasileiras, em defesa do Judiciário e do devido processo legal.
Anunciou que o Brasil será o primeiro a aportar US$ 1 bilhão no fundo Tropical Forests Forever para preservar florestas tropicais.
📌 O discurso de Trump:
O presidente falou por quase uma hora, mais que o triplo do tempo reservado, com um discurso polêmico, autocentrado e cheio de falácias.
No púlpito, reafirmou a soberania nacional, dizendo, sem provas, que ele próprio encerrou “sete guerras sem a ajuda da ONU”, inferindo também críticas a organização que em suas palavras “não está nem perto de seu potencial”.
Pediu pelo cessar-fogo na faixa de Gaza e criticou o reconhecimento do Estado da Palestina por países como Reino Unido e França.
Negou o aquecimento global, chamando energias verdes de “piada”, e afirmou que previsões climáticas são feitas por “pessoas estúpidas”.
Afirmou que a China foi responsável por ter criado o coronavírus.
Após, os jornais “The New York Times” e “Washington Post”, além da agência de notícias Associated Press, desmentiram diversas das afirmações proferidas pelo Presidente. Veja aqui.
🔍 Highlights da Assembleia:
Esta é a 80ª edição da Assembleia Geral da ONU, ela acontece em Nova York e reúne representantes de 193 países.
O tema da vez foi: “Melhores juntos: 80 anos e mais pela paz, desenvolvimento e direitos humanos”.
Primeiro-ministro de Israel foi alvo de protestos: Benjamin Netanyahu entrou no plenário da ONU sob vaias, e a maioria das comitivas (incluindo o Brasil) se retirou antes mesmo de ele começar a falar.
A crise humanitária na Faixa de Gaza esteve no centro da discussão. Seguindo o movimento recente de outras potencias ocidentais, a França reconheceu o Estado da Palestina. Além disso, junto a Arábia Saudita reuniu dezenas de lideranças mundiais para apoiar uma solução de dois Estados para o fim definitivo da guerra.
Trump virou a casaca? Na quarta-feira, Trump se reuniu com Zelensky para falar sobre o conflito Ucrânia vs. Rússia que já se estende há mais de 3 anos, fazendo uma mudança brusca de discurso após o encontro. Em sua rede social, afirmou que a Ucrânia poderia recuperar todo o território perdido.
IBOV bate máxima histórica!
Alta de quase 21% só em 2025! Na última terça-feira (23), o IBOV renovou a sua máxima histórica, atingindo os 147.178 pontos.
🤔 O que aconteceu?
O movimento aconteceu, após Donald Trump afirmar que teve uma química com o presidente Lula e que vai se encontrar com ele nessa semana. Em seguida, o encontro foi confirmado pela diplomacia, e provavelmente acontecerá por telefone ou videoconferência.
Isso foi o suficiente para fazer com que os ativos brasileiros disparassem.
Afinal, os comentários de Trump abrem uma janela de negociação e reduzem o temor de que os EUA possam adotar novas medidas contra a economia brasileira, depois da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF.
📌 Vem alta por aí?
Analistas falam sobre tendência de alta no curto prazo, olhando para uma janela de 150 a 165 mil pontos.
Dólar em queda e não é só no Brasil
Parece que as coisas mudaram. Depois de bater R$ 6,26 em dezembro do ano passado, o dólar fechou em R$ 5,33, na última sexta-feira (26), uma queda de quase 18%.
A valorização do real frente ao dólar tem, por partes, influência da alta taxas de juros no Brasil (15% a.a.) que atrai capital estrangeiro para o nosso país.
Porém, esse movimento não é exclusivo no Brasil. E tem relação muito mais com as políticas norte americanas, do que com o nosso cenário doméstico.
📉 No resto do mundo, o dólar também cai.
A moeda americana perdeu força em 24 das 27 grandes economias, com destaque para o rublo, da Rússia: -24,2% até 24 de setembro.
Além disso, o mundo vem diminuindo as reservas em dólar e buscando segurança no ouro. As reservas atingiram US$ 12,5 trilhões no 1T25, com 57,7% em dólar. Em 2015, as reservas eram de US$ 15,5 tri (corrigido pela inflação dos EUA), com participação de 64,8% do dólar, segundo o FMI.
O ouro, por sua vez, saltou 32% em um ano (agosto de 2024 a agosto de 2025).
🤔 O motivo?
O tarifaço de Trump. O objetivo do presidente é justamente diminuir as importações e aumentar as exportações americanas, usando das tarifas e da desvalorização do dólar frente as outras moedas como estratégia para fomentar o desenvolvimento industrial dentro dos Estados Unidos.
Hotéis brasileiros terão que oferecer hospedagens de 24h
Após anos de reclamações e insatisfações de consumidores, o governo federal decidiu alterar as regras de funcionamento dos meios de hospedagem.
🤔 O que estava acontecendo?
Na prática, as diárias nos hotéis, não correspondiam a 24 horas de uso, já que muitos estabelecimentos determinavam horários fixos de check-in e check-out que reduziam o período efetivo da estadia.
📌 O que muda na prática?
Pela nova regra a diária de hotéis, pousadas, flats e hostels deve equivaler a 24 horas corridas, independentemente do horário estabelecido para entrada e saída.
🧹 Dentro desse período, os estabelecimentos podem reservar até 3 horas para serviços de limpeza e arrumação, já incluídos no valor da diária.
Hotéis continuam livres para definir os horários de check-in e check-out, mas devem informar isso com clareza nas reservas, e só poderão cobrar taxas adicionais em casos de early check-in ou late check-out, desde que previamente comunicados.
A decisão entra em vigor em 15 de dezembro de 2025, data a partir da qual os hotéis terão 90 dias para se adequarem integralmente às novas exigências.
Nova tributação na renda fixa: LCIs e LCAs, CRIs, CRAs e debêntures
Nesta semana, o deputado Carlos Zarattini, relator da medida de tributação, publicou um novo parecer.
O texto sugere a tributação sobre LCIs e LCAs e preserva a isenção para debêntures incentivadas, CRIs, CRAs e Fundos Imobiliários.
🤔 Por que importa?
A medida tende a reduzir a atratividade de LCIs e LCAs para pessoa física, pressionando a captação dos bancos tradicionais e potencialmente comprimindo spreads.
Em contrapartida, a manutenção da isenção em debêntures incentivadas, CRIs e CRAs preserva sua vantagem tributária, devendo atrair mais demanda e baratear o custo de estruturas de securitização, com expansão da originação.
A proposta está em tramitação no Congresso e precisa ser aprovada até o dia 8 de outubro, caso contrário, perde sua validade. Se for aprovada, as mudanças entram em vigor em 1º de janeiro de 2026.
É o fim da fusão de Gol e Azul
Azul e Gol anunciaram o fim das negociações e o mercado gostou da notícia.
Na última quinta-feira (25), as companhias comunicaram o encerramento das negociações de fusão e o cancelamento do acordo de compartilhamento de voos (codeshare).
📊 Com a notícia, as ações da Azul saltaram 17,14% e as da Gol 5,31%.
🤔 O que levou a esse desfecho?
A decisão é atribuída, entre outros fatores, ao desalinhamento de timing:
Em maio, a Azul entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11) e a Gol saiu do mesmo processo em julho, atravessando fases distintas de reestruturação.
Especialistas apontam que a fusão envolveria integração complexa, altos riscos regulatórios por meio do Cade (como devolução de slots e manutenção de rotas regionais) e sinergias de difícil materialização, preferindo-se que cada empresa foque sua estratégia de forma independente.
📊 Por que o mercado reagiu bem?
Com o Chapter 11, a Azul passa por um momento delicado, os seus esforços devem ser direcionados a sua reestruturação financeira e não a um processo de integração de tamanha complexidade.
Para a Gol o cenário é, em partes, similar. Por ter saído recentemente do Chapter 11, a desistência da fusão e o fim do codeshare evitam que ela assuma os riscos da integração e necessidades adicionais de capital em um momento de recomposição de balanço e foco em rotas mais rentáveis.
Além disso, o setor de companhias aéreas é formado apenas por Latam, Gol e Azul, cada uma com 41,4%, 30,1% e 28,4% de market share, respectivamente. Sem a fusão, evita-se risco de duopólio e de remédios antitruste do Cade, o que tende a favorecer o consumidor por preservar uma maior concorrência nas tarifas.
Confira um resumo do fato relevante publicado pela Azul: Azul (AZUL4) encerra negociações com Abra e codeshare com Gol
O término de Warren Buffett com a BYD
Você provavelmente conheceu a BYD por volta de 2021/2022. Mas, para Buffett e seu sócio Charlie Munger o caso já é antigo…
A primeira vez que compraram ações da empresa foi em 2008, quando adquiriram 10% de participação por US$ 230 milhões. Em 2022, essa participação chegou na casa dos US$ 9 bilhões, uma valorização de quase 40x.
Depois de 14 anos, veio aí a notícia do término. Warren Buffett vendeu 100% das ações da companhia.
Hoje, a BYD vale cerca de US$ 137 bilhões, mas tem caído 14% nos últimos seis meses, principalmente por conta do aumento da concorrência no mercado de carros elétricos.
📌 O período de atenção!
O movimento de Buffett abriu os olhos do mercado para os riscos do setor de carros elétricos, que recebeu muitos incentivos estatais, principalmente na China, e agora vive um momento de precisar começar a se provar sozinho, evitando virar uma bolha.
Ações da Ambipar despencam com pré-recuperação judicial
As ações da Ambipar despencaram 55% após a companhia confirmar por meio de um Fato Relevante a aprovação de um pedido judicial de proteção contra credores, um movimento que configura uma “pré-recuperação judicial”.
A medida protege a empresa no caso dos credores pedirem o vencimento antecipado da dívida ou então do acionamento das garantias, que podem chegar a R$ 10 bilhões.
🤔 O que está acontecendo?
A história é longa, mas em resumo. O Deutsche Bank, exigiu garantias financeiras adicionais a Ambipar. No caso, pediu um depósito, como uma espécie de caução. Caso contrário, o banco ameaçou pedir o vencimento antecipado da dívida, no valor de US$ 550 milhões.
Ao mesmo tempo, o Santander notificou a Ambipar pedindo a antecipação de aproximadamente US$ 120 milhões.
Diante do risco de surgirem novas solicitações de antecipação do pagamento de contratos de financiamento, que segundo a empresa, podem chegar a R$ 10 bilhões, a Ambipar entrou na Justiça do Rio de Janeiro e conseguiu, em 25 de setembro de 2025, uma liminar de 30 dias (prorrogáveis) que suspende o aceleramento dessas dívidas.
O objetivo foi ganhar tempo para negociar com bancos e investidores e evitar um colapso financeiro imediato.
A decisão veio poucos dias depois de a companhia aprovar uma emissão de até R$ 3 bilhões em debêntures, com a promessa de reforçar o caixa e recomprar dívidas, mas que acabou não sendo suficiente para acalmar o mercado.
🔍 A reação foi rápida:
As ações AMBP3 chegaram a cair mais de 55% intradia e fecharam o dia com –24%, eliminando bilhões em valor de mercado.
Os títulos de dívida no exterior despencaram para 15 centavos de dólar a cada US$ 1, sinal claro de que investidores veem risco alto de calote.
Logo depois, as agências de rating reagiram: a S&P rebaixou a nota para “D” (default) no dia 26 de setembro e a Fitch cortou para “C” um dia antes, praticamente classificando a empresa como inadimplente.
😬 O que vem pela frente é uma fase decisiva.
A liminar garante apenas um fôlego temporário. Sem acordo com os bancos e credores, cresce o risco de a empresa precisar recorrer a uma recuperação judicial.
Aprofunde no tema lendo as matérias:
Caso Ambipar: a operação que coloca sob suspeita o Deutsche Bank e o ex-diretor financeiro da empresa | Brasil 247Ação da Ambipar cai mais de 50%. Entenda o que está acontecendo | InvestNews