O impacto do apagão de São Paulo, EUA retiram sanções de Moraes, Novo presidente da Coca é brasileiro e mais
Resumo da semana (15 de dezembro), fique por dentro de tudo que aconteceu de mais importante na economia, política e mercado financeiro na última semana!
Principais manchetes para começar a semana atualizado(a)!
🕯 Apagão em São Paulo
⛓️💥 EUA retiram sanções de Moraes
✊ Brasileiros vão as ruas contra “PL da Dosimetria”
📊 Super-quarta: Brasil mantém e EUA diminui taxa de juros
💼 O novo presidente da Coca-Cola é brasileiro
🤝Cade aprova fusão de Petz e Cobasi
Apagão em São Paulo
Um grande apagão atingiu a capital e a Região Metropolitana de São Paulo, após ventos fortes derrubarem árvores e danificarem trechos da rede elétrica. Além da falta de energia, houve impacto no abastecimento de água e em voos nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, segundo relatos da Enel, da Sabesp e de operadores aeroportuários.
🤔 O que aconteceu?
O evento foi provocado por um ciclone extratropical entre os dias 9 e 10 de dezembro, com rajadas de vento próximas a 100 km/h em pontos da região.
No pico do apagão, na quarta-feira (10), mais de 2,2 milhões de clientes ficaram sem energia, o equivalente a 31,8% da área de concessão da Enel São Paulo.
🗓 Demora na normalização
O fornecimento de energia só foi totalmente restabelecido na noite de domingo (14), cinco dias após o início do problema. A demora gerou forte insatisfação da população e causou impacto econômico relevante para o comércio da região.
A Enel atribuiu o atraso à persistência das condições climáticas adversas, que teriam provocado novas interrupções enquanto as equipes realizavam os reparos.
Durante o período, a polícia prendeu em flagrante um prestador de serviço terceirizado ligado à Enel, acusado de cobrar R$ 2.500 para religar a energia de um comércio na Vila Mariana, conforme investigação baseada em mensagens trocadas.
E essa não é a primeira vez…
A Enel já havia registrado apagões de grande porte:
Novembro de 2023: 2,1 milhões de unidades interrompidas;
Outubro de 2024: 2,4 milhões de unidades interrompidas.
Na tempestade de outubro de 2024, ainda havia 230 mil clientes sem energia após 48 horas do evento. Em novembro de 2023, o número era de 290 mil no mesmo intervalo.
A lentidão na recomposição do serviço tem sido uma das principais críticas à Enel São Paulo, com a resposta considerada insuficiente mesmo diante de eventos climáticos extremos. Desde o fim de 2023, a empresa se comprometeu a ampliar as equipes e anunciou investimentos bilionários para se preparar para os eventos climáticos extremos mais recorrentes.
💰 O impacto econômico
O apagão causou perdas estimadas em R$ 1,54 bilhão em faturamento, segundo estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
E segundo a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp), 5 mil estabelecimentos foram afetados na capital, região do ABC, Osasco, Itapecerica da Serra e partes do interior, somando uma perda estimada em R$ 100 milhões, contabilizando prejuízos com avarias em equipamentos, perda de estoques e evasão de clientes.
🏛️ Reação do Governo
O Ministério de Minas e Energia afirmou no domingo (14) que a Enel pode perder a concessão no estado caso não cumpra as obrigações contratuais previstas na regulação. Em nota, a pasta declarou que não tolerará falhas reiteradas, interrupções prolongadas ou desrespeito à população em um serviço essencial.
O ministério informou ainda que o ministro Alexandre Silveira pretende se reunir com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) para alinhar responsabilidades e coordenar a atuação dos órgãos públicos na gestão da crise.
EUA retiram sanções de Moraes
O governo dos Estados Unidos retirou o ministro do STF Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane, da lista de sancionados pela Lei Magnitsky. A medida revoga as sanções impostas em julho, que incluíam bloqueio de bens em território americano e proibição de transações com cidadãos dos EUA.
Após o anúncio, ações de bancos brasileiros subiram até 2% na Bolsa.
🔍 Contexto das sanções
A decisão foi publicada no site do Tesouro americano e é interpretada como parte de uma desescalada nas tensões entre Brasil e Estados Unidos, que haviam se intensificado após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O governo americano afirmou que a retirada das sanções está ligada à aprovação, na Câmara dos Deputados, de um projeto de lei que reduz penas de condenados por tentativa de golpe, texto que pode beneficiar Jair Bolsonaro.
Em nota enviada à BBC News Brasil, um representante do governo Trump afirmou que a aprovação do projeto indica melhora nas condições de “lawfare” no Brasil e que manter sanções como as impostas a Moraes seria “inconsistente com os interesses da política externa dos Estados Unidos”.
🎙️ Reação de Alexandre de Moraes
Em discurso realizado na sexta-feira, Moraes agradeceu ao presidente Lula pelo “empenho” em esclarecer sua situação e a de sua esposa. Ele afirmou que a retirada das sanções representa uma “tripla vitória”: do Judiciário, da soberania nacional e da democracia brasileira.
🤝 Bastidores diplomáticos
Lula relatou que conversou com Trump na semana anterior ao anúncio. Segundo o presidente brasileiro, Trump perguntou se a retirada das sanções seria bom para ele.
“Não é bom para mim, é bom para o Brasil e é bom para a democracia brasileira”, respondeu Lula, enfatizando que a relação entre os dois países deve ocorrer “de nação para nação” e que a Suprema Corte é uma instituição central para o Estado brasileiro.
Reação da oposição
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que havia atuado junto ao governo americano para a imposição das sanções, lamentou a retirada. Em nota publicada no X, afirmou receber “com pesar” a decisão e agradeceu o apoio demonstrado por Trump ao longo do processo.
Brasileiros vão as ruas contra “PL da Dosimetria”
O chamado “PL da dosimetria” voltou ao centro do debate político e jurídico após provocar manifestações em dezenas de cidades e dividir opiniões no Congresso, no Judiciário e na sociedade.
🤔 O que é e como o projeto surgiu
O projeto é o PL 2.162/2023, aprovado pela Câmara dos Deputados na madrugada de 10 de dezembro, por 291 votos a 148, e atualmente em tramitação no Senado Federal.
Ele ganhou o apelido de “PL da dosimetria” porque altera:
Dosimetria, ou seja, a forma com que o juiz calcula a pena final.
Regras da Lei de Execução Penal, ou seja, quanto tempo a pessoa fica presa e quando pode mudar de regime.
O texto foi apresentado em 02/06/2023 com uma proposta inicial de anistia para manifestações de motivação política no período pós-eleitoral.
Durante a tramitação, o relator Paulinho da Força apresentou um substitutivo, que retirou a anistia formal e a substituiu por mudanças penais e na execução da pena.
⚖️ Principais mudanças previstas
O projeto promove três alterações centrais:
Crimes praticados no mesmo contexto
Quando os crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito ocorrerem no mesmo contexto, o projeto determina: aplicação apenas da pena do crime mais grave, em vez da soma das penas, como ocorre hoje.“Contexto de multidão”
Cria um dispositivo que permite redução de pena de 1/3 a 2/3 para quem participou dos atos sem financiar, organizar ou liderar. A ideia é diferenciar a liderança da participação em massa.Execução da pena
O texto altera critérios de progressão de regime e amplia hipóteses de remição por estudo ou trabalho, inclusive em situações de prisão domiciliar, o que abre espaço para progressão mais cedo em determinadas situações
🗓 Manifestações contra o projeto
No domingo (14/12), manifestações com o lema “sem anistia” ocorreram em ao menos 49 cidades do país.
Em São Paulo, estimativas indicaram 13,7 mil pessoas no pico do ato.
No Rio de Janeiro, houve cerca de 18,9 mil manifestantes em Copacabana.
As manifestações foram motivadas pelo temor de que o projeto enfraqueça a responsabilização por ataques à democracia.
Críticos afirmam que o projeto funciona como uma “anistia indireta”, reduz punições na prática, mesmo sem apagar os crimes, e pode beneficiar condenados pelos atos de 8 de janeiro e pela tentativa de golpe.
Também há críticas técnicas de que as mudanças na execução penal podem gerar efeitos colaterais sobre crimes que não têm relação com o contexto político.
🗣️ Argumentos a favor
Defensores sustentam que houve penas desproporcionais para quem não teve papel de comando, o texto corrige excessos sem eliminar a responsabilização penal, a diferenciação entre liderança e massa é necessária para garantir justiça individualizada.
📍 Situação atual
O projeto está em tramitação no Senado Federal, com análise prevista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A relatoria indicada é do senador Esperidião Amin, com discussão agendada para 17/12/2025.
Super-quarta: Brasil mantém e EUA diminui taxa de juros
A chamada super-quarta foi marcada por decisões importantes de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, com sinais distintos, mas convergentes em cautela. Enquanto o Copom manteve a Selic em 15%, o Federal Reserve cortou os juros em 0,25 ponto percentual, mas indicou que pode pausar novos cortes.
📊 Brasil: Selic mantida em 15%
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, em linha com as expectativas do mercado. O comunicado pós-reunião trouxe poucas mudanças em relação a novembro e reforçou que a taxa deve permanecer nesse patamar por um “período bastante prolongado”.
Apesar do tom duro, analistas projetam que o Copom pode iniciar um ciclo gradual de cortes a partir de março de 2026, com reduções de 0,50 ponto percentual por reunião.
📊 Estados Unidos: Fed corta juros, mas sinaliza pausa
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve decidiu cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, levando a banda para 3,50% a 3,75%.
A decisão veio em linha com o esperado, mas ocorreu em um ambiente de maior incerteza, influenciado por:
lacunas nos dados econômicos após a recente paralisação do governo;
dúvidas sobre a trajetória do mercado de trabalho;
inflação que ainda permanece um pouco elevada.
Apesar do corte, o Fed indicou que pode pausar novas reduções, aguardando dados mais claros antes de seguir flexibilizando a política monetária.
O novo CEO da Coca-Cola é brasileiro!
A Coca-Cola anunciou que o brasileiro Henrique Braun, de 57 anos, será o novo CEO global da companhia a partir do próximo ano. Ele substituirá James Quincey, que deixará o cargo após oito anos, mas seguirá como chairman executivo da empresa.
🤔 Quem é Henrique Braun?
Atualmente, Braun ocupa o cargo de diretor de operações (COO), responsável por supervisionar todas as unidades operacionais da Coca-Cola no mundo.
Ele tem dupla cidadania, nasceu nos Estados Unidos e foi criado no Brasil. É engenheiro agrônomo formado pela UFRJ, com mestrado pela Michigan State University e MBA pela Georgia State University.
💼 Trajetória dentro da Coca-Cola
Braun construiu uma carreira longa e internacional na empresa. Ele ingressou na Coca-Cola em 1996, como trainee em Atlanta, e passou por diversas regiões e áreas ao longo dos anos.
Essas posições incluíram cadeia de suprimentos, desenvolvimento de novos negócios, marketing, inovação, gestão geral e operações de engarrafamento.
Entre 2016 e 2020, foi presidente da unidade de negócios do Brasil. Em seguida, assumiu a presidência da operação da América Latina, cargo que ocupou até 2022.
Em 2024, foi promovido a vice-presidente executivo e, no início de 2025, tornou-se diretor de operações, posição que ocupa atualmente.
📌 O foco como CEO
Segundo comunicado divulgado pela Coca-Cola na quarta-feira (10/12), Braun terá como prioridades:
buscar novas oportunidades de crescimento global;
aproximar ainda mais a companhia das necessidades dos consumidores;
utilizar a tecnologia como alavanca de desempenho e expansão dos negócios.
Cade aprova fusão de Petz e Cobasi
O Cade aprovou, nesta quarta-feira (10/12), a fusão entre Petz e Cobasi, duas das maiores redes do varejo pet do Brasil. A autorização, no entanto, foi condicionada a restrições, formalizadas por meio de um Acordo em Controle de Concentrações (ACC), que prevê o desinvestimento de 26 lojas no estado de São Paulo.
A decisão busca evitar prejuízos à concorrência em um mercado altamente concentrado após a união das duas empresas.
🤔 O que o Cade decidiu?
O Cade entendeu que a fusão poderia gerar concentração excessiva em determinadas regiões, especialmente em São Paulo. Para mitigar esse risco, aprovou o negócio condicionado ao ACC, que exige:
a venda (desinvestimento) de 26 lojas físicas em São Paulo;
a preservação de condições mínimas de concorrência no varejo pet físico.
Segundo o conselheiro José Levi, relator do caso, o pacote de remédios foi decisivo para viabilizar a aprovação.
“O ambiente concorrencial do mercado pet físico, após a operação nos termos do ACC, será mais competitivo do que o cenário atual”, afirmou.
📌 Como ficará a nova empresa
A operação será implementada por meio da incorporação das ações da Petz pela Cobasi. Ao final do processo os acionistas da Petz terão 52,6% da nova companhia, acionistas da Cobasi ficarão com 47,4% e a Petz se tornará subsidiária integral da Cobasi.






