O celular de Bolsonaro, Moraes com cartão bloqueado, Pix os Brics e mais
Resumo da semana (25 de agosto), fique por dentro de tudo que aconteceu de mais importante na economia, política e mercado financeiro na última semana!
Principais manchetes para começar a semana atualizado(a)!
📄Desdobramentos do caso Bolsonaro
💳Moraes tem cartão de crédito bloqueado
📣 O encontro de Trump e Zelensky
💵 O PIX do Brics
😬 Samsung na cola da Apple
Parece que o tempo fechou para Bolsonaro
Após a apreensão do celular de Jair Bolsonaro, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente e o seu filho, deputado Eduardo Bolsonaro, por coação a autoridades na ação penal do golpe de Estado.
O relatório final da PF descreve tentativas de articulação para pressionar autoridades e obstaculizar o andamento do processo.
🤔 O que aconteceu?
Peritos conseguiram restaurar comunicações apagadas no aparelho apreendido que mostram conversas entre Jair, Eduardo e terceiros, orientações sobre produção de conteúdo para redes sociais e trocas com líderes religiosos.
No dia 10 de julho, Eduardo pediu ao pai que publicasse agradecimento a Donald Trump pelas tarifas contra o Brasil. Para a PF, a cobrança mostra a tentativa de alinhamento político com os EUA.
No mesmo conjunto de arquivos foi localizado um documento editável intitulado como carta de asilo político a Javier Milei, o qual a PF interpreta como um reforço a avaliação de que Jair planejava deixar o país desde fevereiro de 2024; a defesa de Bolsonaro, no entanto, afirma tratar-se de minuta sem intenção concreta.
A investigação também apontou movimentações financeiras atípicas e fracionadas entre contas vinculadas a pai e filho, próximas a R$ 2 milhões, que estão sendo analisadas como possíveis sinais de ocultação ou influência.
✍️ Desdobramentos judiciais
Com o envio do relatório, o ministro Alexandre de Moraes estipulou 48 horas para a manifestação da defesa, prazo cujo decurso poderá levar à reavaliação de cautelares e ao envio do relatório à Procuradoria-Geral da República para eventual oferecimento de denúncia.
Moraes tem cartão de crédito bloqueado
No dia 30 de julho de 2025, o Departamento do Tesouro dos EUA (OFAC) incluiu Alexandre de Moraes na lista de sanções do Global Magnitsky Act, com isso, no dia 19 de agosto, Moraes teve um seu cartão de crédito Mastercard bloqueado.
📝 A questão é que…
Em 18 de agosto de 2025, o ministro Flávio Dino do STF havia determinado que atos e normas estrangeiras não têm aplicação automática no Brasil, ou seja, não podem ser executados por agentes nacionais sem homologação ou ordem judicial brasileira.
Logo, a Lei Magnitsky, que proíbe instituições e redes americanas de fazer negócios com a pessoa sancionada, não teria efeito sobre Moraes, certo?
Errado.
Acontece que a decisão de Dino não tem poder direto sobre provedores estrangeiros.
🔍 Na prática funciona assim,
Quando o OFAC inclui alguém na lista, empresas e bancos dos EUA ficam proibidos de fazer negócios com essa pessoa — isso é uma obrigação legal, não uma sugestão.
Muitos pagamentos internacionais passam por redes e corresponsais americanos (Mastercard, adquirentes, bancos que fazem o “meio-campo”). Esses parceiros têm sistemas que sinalizam automaticamente riscos ligados a nomes, contas ou identificadores sancionados.
Para evitar multas e problemas legais nos EUA, esses sistemas disparam bloqueios imediatos, é como um alarme automático que interrompe a transação.
Por isso, mesmo com o despacho de Flávio Dino no Brasil, as cadeias técnicas e os contratos internacionais fizeram com que o cartão de Moraes fosse suspenso: decisões judiciais internas não anulam a obrigação operacional e legal de provedores ligados aos EUA.
📌 A alternativa que o Banco do Brasil encontrou
Como solução, o BB ofereceu ao ministro um cartão Elo, bandeira nacional. Essa alternativa resolve o problema doméstico, mas não garante uso internacional pleno, porque a Elo depende de parcerias (ex.: Discover/Discover Global Network) para processar transações fora do país — e esses parceiros podem seguir as sanções americanas, o que pode limitar as suas operações no exterior.
10 milhões de brasileiros terão isenção de IR
Na tarde de 21 de agosto de 2025, a Câmara dos Deputados aprovou, em poucos segundos, um pedido de urgência para o projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil por mês, que hoje vale para quem recebe até R$ 3.036,00. A votação foi simbólica e contou com apoio de todos os partidos, do PT ao PL.
Se virar lei, 10 milhões de pessoas deixarão de pagar IR.
🤔 O que muda na prática?
Isenção plena para rendas até R$ 5.000/mês.
Faixa intermediária: quem ganha entre R$ 5.000 e cerca de R$ 7.350 teria redução parcial do imposto (relator ampliou esse teto parcial).
Compensação fiscal: o custo estimado em 2026 é de R$ 25,8 bilhões; para compensar a perda, o texto prevê tributação mais forte sobre rendas altas, incluindo uma alíquota extra progressiva (até 10%) sobre lucros e dividendos acima de R$ 600 mil anuais, além de outras travas e gatilhos para evitar elisão.
📌 Próximos passos:
O presidente da Câmara, Hugo Motta, vai negociar com líderes a data para levar o mérito ao plenário; a votação ainda não tem dia marcado, pode acontecer nas próximas semanas, dependendo da agenda e das negociações partidárias. Se aprovado na Câmara, o projeto segue ao Senado.
Trump e Zelensky buscam saída para o fim da guerra
Três dias depois do encontro de Donald Trump com Vladimir Putin em Anchorage (Alasca), Trump recebeu Volodymyr Zelensky e líderes europeus na Casa Branca para discutir um possível caminho para encerrar a guerra na Ucrânia.
O tom foi mais conciliador do que em visitas anteriores: Trump ofereceu garantias de segurança à Ucrânia, sem detalhar formato ou alcance.
📣 A proposta ucraniana
Zelensky, segundo reportagens, colocou sobre a mesa uma oferta ambiciosa: adquirir armamento dos EUA, relatórios mencionam um pacote na casa de US$ 90–100 bilhões financiado por aliados europeus, como parte de um acordo que incluiria garantias de segurança americanas.
Há menções também a um plano conjunto para produzir drones com empresas ucranianas.
📣 O posicionamento de Trump
Trump afirmou que os EUA “ajudariam a garantir” a segurança da Ucrânia em qualquer acordo de paz, mas não detalhou como seriam essas garantias nem quem as assinaria.
Ele também propôs explorar a ideia de um encontro entre os três presidentes (Trump, Putin e Zelensky), mas condicionou qualquer avanço a um cessar-fogo por parte da Rússia.
📣 O posicionamento russo
O Kremlin tratou a ideia de um encontro trilateral com cautela e disse que nada está marcado; Moscou rejeita a presença de forças da OTAN como “força de paz” na Ucrânia e põe condições próprias para qualquer negociação (incluindo vetos à entrada da Ucrânia na OTAN).
Em suma: há entusiasmo diplomático, mas poucas condições concretas que aproximem posições.
Vem aí corte de juros americano?
Jerome Powell, presidente do Banco Central americano, abriu a porta para um corte de juros, mas não prometeu nada.
📣 O que Powell disse:
Durante a conferência anual do Fed em Jackson Hole, Powell destacou que os riscos ao emprego estão aumentando e que as tarifas podem empurrar a inflação para cima, portanto o Fed vai avaliar dados antes de decidir.
Ele reconheceu que o mercado de trabalho está em um “equilíbrio curioso”:
Tanto oferta quanto demanda por trabalhadores desaceleraram, o que aumenta a chance de uma queda rápida no emprego.
Ao mesmo tempo, avisou que tarifas podem manter a inflação mais alta por mais tempo. Com a política já em ritmo restritivo, esses novos riscos podem justificar ajustes, mas ele não se comprometeu com calendário ou tamanho de cortes.
🤔 Por que isso importa?
Se o Fed cortar juros, isso tende a reduzir custos de empréstimos e pode aquecer mercados e consumo. Mas um corte prematuro corre o risco de reavivar a inflação. Por isso a decisão vai depender fortemente dos próximos relatórios de emprego e inflação.
Agora, o mercado aguarda a próxima reunião do Fed em 16–17 de setembro e os relatórios de emprego e inflação que saem antes disso. Esses dados serão decisivos para saber se o Fed corta e com que rapidez.
O PIX do Brics
O Brics Pay, apelidado de “Pix do Brics”, está na reta final de testes e deve ser lançado oficialmente ao público no fim do próximo mês.
🤔 O que é?
BRICS Pay é a aposta dos países do bloco para facilitar pagamentos entre si, tipo um “Pix” entre Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul. A ideia é permitir transferências rápidas e, quando possível, em moeda local.
🔍 Como funciona?
Em vez de passar por redes tradicionais que dependem dos EUA, o BRICS Pay cria uma ponte direta entre bancos e fintechs dos países do bloco. Na ponta, quem envia paga na sua moeda e o destinatário recebe numa moeda aceita localmente — tudo quase em tempo real.
📌 Por que importa?
O novo sistema busca reduzir riscos de bloqueio político e oferecer transações em tempo real. Como pano de fundo, o projeto busca diminuir a dependência da moeda americana.
Ainda assim, analistas ponderam que o sistema, por si só, não ameaça a hegemonia do dólar, que se sustenta também pela força do mercado financeiro dos EUA e pelo status da moeda como reserva mundial.
Tarifaço de Trump coloca 180 mil empregos em risco no Brasil
As tarifas de 50% impostas pelos EUA a produtos brasileiros começaram a mostrar efeitos práticos, e o setor de madeira processada está entre os mais atingidos.
🤔 O que está acontecendo?
O mercado norte-americano consome cerca de 50% da produção brasileira de madeira processada.
Em 2024, o setor exportou aproximadamente US$ 1,6 bilhão para os EUA.
Com a sobretaxa, importadores americanos suspenderam contratos e empresas aqui começaram a reduzir produção e equipe — há relatos de férias coletivas e demissões.
A Millpar, fabricante paranaense, já colocou parcelas significativas de sua equipe em férias coletivas e anunciou fechamento temporário de unidades, citando o impacto direto das tarifas sobre pedidos destinados aos EUA.
🔍 Qual o impacto disso?
A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada (Abimci) estima que cerca de 180 mil empregos diretos no setor estão em risco, principalmente no Sul do país, onde se concentra a produção.
A alta repentina das taxas torna contratos altamente personalizados impossíveis de redirecionar a curto prazo, ameaçando cadeias produtivas inteiras e renda regional.
Samsung ganha espaço da Apple nos EUA
No 2º trimestre de 2025, a Samsung ampliou sua fatia do mercado de smartphones nos EUA de 23% para 31%, enquanto a Apple caiu de 56% para 49%.
🤔 O que aconteceu?
A Samsung lançou em julho o Galaxy Z Fold7 e o Z Flip7, com forte investimento em design e recursos (e promoção intensa). As vendas e pré-vendas do Fold7 superaram a geração anterior, dando tração imediata às vendas nos EUA.
Ao mesmo tempo, pesquisas de mercado apontam que consumidores americanos passaram a adotar mais os dobráveis, puxando a participação da Samsung.
📊 Por que importa?
É raro ver a Apple perder participação expressiva nos EUA, mesmo mantendo liderança, a queda a 49% mostra que há espaço real para concorrência.
O reflexo disso foi sentido na Bolsa, com as ações da Samsung subindo 35% em 2025, enquanto as da Apple recuam 7,5%, seu pior desempenho entre as BIG TECHs, atrás apenas da Tesla.
BRB (BSLI3, BSLI4) avança na compra de 58,04% do Banco Master
O BRB – Banco de Brasília (BSLI3, BSLI4) atualizou o mercado sobre a operação para adquirir 49% das ações ordinárias e 100% das preferenciais do Banco Master, equivalente a 58,04% do capital total.
🎯 O objetivo:
O banco quer formar um novo Conglomerado Prudencial, liderado pelo BRB e com atuação nacional, ampliando o portfólio de produtos e serviços, gerando sinergias, ganho de escala, eficiência e maior rentabilidade, além de fortalecer governança, solidez institucional e conformidade regulatória.
🔍 Próximos passos:
A operação já tem aprovação do CADE e aguarda a análise do Banco Central para a formação do conglomerado combinado. A autorização legislativa no Distrito Federal (Projeto de Lei 1.882/2025) foi sancionada em 20 de agosto de 2025, permitindo ao BRB adquirir as participações previstas.