O caso Bolsonaro, EUA investigando o Brasil e mais
Resumo da semana (21.07), fique por dentro de tudo que aconteceu de mais importante na economia, política e mercado financeiro na última semana!
Principais manchetes para começar a semana atualizado(a)!
🚔 PGR pede condenação de Bolsonaro
🔎 Governo americano anuncia investigação contra o Brasil
📉 Exportações brasileiras para a China têm maior queda em 10 anos
😬 Fim da taxa das blusinhas pode prejudicar varejistas brasileiros
🛩 Embraer fecha megacontrato em meio à pressão dos EUA
PGR pede condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe
Na última segunda-feira (14 de julho), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, entregou ao STF o seu pedido para que Jair Bolsonaro seja condenado por tentativa de golpe de Estado.
No parecer final apresentado ao relator Alexandre de Moraes, Gonet aponta o ex-presidente como “líder” da organização criminosa e “principal articulador” da ruptura democrática.
📑 A acusação envolve 5 crimes:
Tentativa de golpe de Estado;
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
Organização criminosa armada;
Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União;
Deterioração de patrimônio tombado.
A soma das penas máximas para esses crimes pode resultar em uma condenação de até cerca de 43 anos de prisão.
Além do ex-presidente, nomes como Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Anderson Torres, Augusto Heleno e Braga Netto também são réus. A PGR afirma que todos compõem o “núcleo crucial” da trama, articulada após a derrota eleitoral de 2022.
🏠 Operação da PF na casa de Bolsonaro:
Em 18 de julho de 2025, a Polícia Federal (PF) realizou uma operação na residência de Bolsonaro em Brasília, apreendendo cerca de US$14.000.
Bolsonaro alegou que o dinheiro era para uma possível viagem.
No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, impôs medidas restritivas a Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de contato com seu filho Eduardo Bolsonaro e recolhimento domiciliar noturno.
✍️ As justificativas para as medidas são fundamentadas em investigações que apontam que Bolsonaro e seu filho tem atuado para dificultar o julgamento do processo do golpe. Com Eduardo viajando para o exterior e praticando "condutas delitivas" com a finalidade de interferir na AP 2.668/DF, onde Jair Bolsonaro é réu.
👉 A investigação da PF detectou que Bolsonaro financiou esse movimento, remetendo R$ 2 milhões via PIX para Eduardo Bolsonaro em 13 de maio de 2025, enquanto o filho estava nos EUA articulando ações para obstruir o julgamento. Jair Bolsonaro admitiu essa remessa em depoimento.
📆 Próximas etapas do processo:
Agora, abre‑se um prazo de 15 dias (contados a partir de 14 de julho) para que o tenente‑coronel Mauro Cid, que firmou acordo de colaboração premiada, apresente sua defesa, seguido por mais 15 dias para os demais réus manifestarem suas alegações finais.
Governo americano anuncia investigação contra o Brasil
O que começou como uma resposta à atuação do STF e defesa do ex-presidente Bolsonaro acabou virando uma ofensiva comercial de larga escala. Na mais nova investida, o governo dos EUA anunciou uma investigação contra o Brasil — e surpreendeu ao mirar em um alvo inusitado: a Rua 25 de Março, no centro de SP.
🤔 O que está acontecendo?
Segundo o governo americano, o maior centro de comércio popular da América Latina seria “um dos maiores polos mundiais de falsificação e pirataria”, com décadas de atuação impune.
📑 A acusação aparece no relatório do Escritório do Representante de Comércio dos EUA, incluem a proliferação de videogames destravados, eletrônicos falsificados e aparelhos de streaming piratas.
O Planalto reagiu com ironia. “Não dá pra imaginar uma potência preocupada com a 25 de Março”, disse Rui Costa, ministro da Casa Civil.
Além disso, o relatório americano, sem citar diretamente o PIX, critica a preferência por soluções locais de pagamento digital e a suposta falta de abertura para concorrentes estrangeiros.
💳 Gigantes como Visa, Mastercard e Meta (com seu WhatsApp Pay, suspenso pelo Banco Central em 2020) seriam as mais afetadas, vendo suas oportunidades de mercado limitadas.
Para os EUA, a inovação em pagamentos é um setor chave para a exportação de tecnologia e serviços, e a ascensão meteórica do Pix pode ser vista como uma barreira não-tarifária.
Além da 25 e do Pix, a investigação também questiona práticas brasileiras sobre proteção de dados, anticorrupção, tarifas e liberdade de expressão nas redes sociais.
Exportações brasileiras para a China têm maior queda em 10 anos
As exportações brasileiras para a China registraram a maior queda em dez anos no 1º semestre de 2025, uma retração de 7,5% (vs. 1T2024), somando US$ 47,7 bilhões. O primeiro trimestre de 2025 já havia mostrado um recuo ainda mais acentuado, de 13%.
🤔 O que está acontecendo?
O recuo foi puxado por dois fatores principais:
🔎 Queda no preço das commodities, que são a espinha dorsal das exportações brasileiras para a China.
No primeiro semestre de 2025, o volume embarcado de soja para a China até aumentou 5%, mas a queda nos preços resultou em uma redução de 6% no valor total.
O petróleo bruto, por sua vez, registrou uma retração ainda mais drástica, com queda de 7% no volume e 15% no faturamento, sua maior em cinco anos.
🔎 Estratégia de diversificação parceiros comerciais da China, impulsionada pela guerra tarifária de Trump.
Do outro lado,
as importações de produtos chineses para o Brasil cresceram significativamente (35% no primeiro trimestre de 2025), especialmente em bens de maior valor agregado como plataformas e veículos.
📉 O que, somado à queda nas exportações, contribuiu para uma redução de 26% no superávit geral da balança comercial brasileira de janeiro a julho de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024.
Embora ainda não haja uma quantificação direta do impacto dessa queda específica no PIB e no emprego do Brasil, a perda de valor nas exportações de commodities certamente afeta o desempenho econômico e as receitas do país.
China supera tarifas dos EUA e cresce mais de 5% no 1° semestre
O Trump até tentou, mas ainda não conseguiu nocautear a economia chinesa.
Desde abril desse ano, os EUA vem impondo tarifas à China, chegando a um pico de 145% sobre diversos produtos, na esperança de frear seu crescimento econômico.
Mas, Pequim resistiu e fechou o primeiro semestre de 2025 com um avanço de 5,3% no PIB, superando a meta oficial de cerca de 5% estabelecida pelo governo chinês e contrariando as previsões de enfraquecimento provocadas pela guerra comercial.
🔎 Por trás do resultado:
O setor exportador foi o que puxou esse avanço. Em 12 de maio, EUA e China anunciaram uma trégua de 90 dias.
Washington reduziu suas tarifas de 145% para 30%, enquanto a China cortou suas taxas de retaliação de 125% para 10% sobre produtos americanos.
Esse cessar‑fogo permitiu um alívio temporário nas cadeias globais de suprimentos e impulsionou remessas chinesas ao exterior.
😬 Internamente, a china ainda sofre…
Vendas no varejo: cresceram apenas 4,8% em junho, patamar abaixo das expectativas de mercado (5,4%) e distante dos picos registrados no início do ano
Setor imobiliário: voltou a dar sinais de fraqueza, com investimento em imóveis recuando 11,2% (janeiro a junho), ampliando a pressão sobre o consumo doméstico.
Deflação: se intensificou o índice de preços ao produtor (PPI) registrou queda de 3,6% em junho, seu maior recuo em quase dois anos, sinalizando excesso de capacidade e competição acirrada entre fabricantes.
Desemprego: entre jovens de 16 a 24 anos permaneceu elevado, em 14,5% em junho, ainda que abaixo dos patamares mais críticos do ano anterior.
🤔 E para o futuro?
Para o restante de 2025, analistas projetam desaceleração do ritmo de expansão, com estimativas de PIB em torno de 4,6% para o ano, abaixo do objetivo oficial.
A trégua tarifária vence em 12 de agosto, quando taxas poderão retornar aos patamares anteriores, renovando a incerteza sobre encomendas e estoques das indústrias exportadoras.
Fim da taxa das blusinhas pode prejudicar varejistas brasileiros
Na semana passada, aliado de Hugo Motta (presidente da Câmara) apresentou um projeto para acabar com a “taxa das blusinhas” e, assim, retomar a isenção do imposto de importação para compras online abaixo de 50 dólares.
Desde que entrou em vigor, em agosto de 2024, a taxa ajudou a impulsionar um dos melhores momentos do varejo nacional em anos.
📌 Com a taxa, muita coisa mudou:
Em poucos meses, o volume de itens importados nessa faixa caiu de 18,6 milhões por mês para 12,7 milhões em junho de 2025, uma queda de mais de 30% em um ano.
A receita das plataformas chinesas, como a Shein, recuou de R$ 1,58 bilhão em julho de 2024 para R$ 1,29 bilhão em junho de 2025 (queda de 18%)
💰 Enquanto isso, o varejo brasileiro estava nas nuvens:
A Renner lucrou R$ 221 milhões no 1º tri (+58,7%);
As ações da C&A saltaram 143,5% apenas neste ano;
A Guararapes, dona da Riachuelo, cresceu 10,6% em receita e 42% em valor de mercado.
Agora com a notícia o jogo já virou…
Apesar do ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmar que o fim da taxação "não está na agenda" do governo. O mercado financeiro já respondeu aos rumores.
Lojas Renner (LREN3) registrou queda de 2,83% na segunda-feira (14), chegando a cair 6,10% durante o pregão;
C&A (CEAB3) também fechou em baixa de 2,04%;
Guararapes (GUAR3), conseguiu se recuperar e encerrou com leve alta de 0,50% após cair quase 3% durante o dia.
Empresas podem distribuir dividendos recordes em 2025 para evitar nova tributação
Uma emenda incluída pelo deputado Arthur Lira no projeto de lei do imposto de renda (PL 1.087/2025) está criando expectativa para uma aceleração na distribuição de dividendos pelas empresas brasileiras listadas na B3.
A mudança garante que lucros e dividendos aprovados até o final de 2025 não serão sujeitos à nova tributação mínima de 10% prevista para começar em 2026.
🔎 Segundo análise do JPMorgan, as empresas podem antecipar o pagamento de dividendos, distribuindo não apenas os lucros de 2025, mas também reservas acumuladas.
Desconsiderando restrições contratuais, algumas companhias poderiam oferecer rendimentos de até 73% aos acionistas.
Entre as empresas com maior potencial estão: Eztec (73%), a Multiplan (28%) e a Randoncorp (51%).
🫵 Muita calma nessa hora:
Apesar do cenário promissor, ainda existem dúvidas sobre prazos e condições para o pagamento desses dividendos, já que a legislação exige justificativas legais para distribuições que não sejam imediatas.
Arthur Lira reforçou que os lucros e dividendos aprovados até o fim de 2025 estarão isentos da nova tributação, desde que pagos conforme previsto na aprovação.
Algumas manchetes que movimentaram a Bolsa brasileira
WEG (WEGE3) adquire 100% da PPI-Multitask em expansão digital
BR Partners (BRBI11) listará ADRs na Nasdaq em setembro
Dólar sobe com risco às negociações de tarifas entre Brasil e EUA
Embraer fecha megacontrato em meio à pressão dos EUA
Em um momento de tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, a Embraer anunciou a venda de 45 jatos E195-E2 para a companhia dinamarquesa Scandinavian Airlines (SAS).
💰 O contrato está avaliado em quase R$ 22 bilhões — a maior encomenda da empresa por um único cliente desde 1996. E possui direitos de compra para 10 aeronaves adicionais, o que pode aumentar ainda mais o valor total do negócio.
As primeiras entregas estão previstas para o final de 2027, com entregas adicionais ao longo de aproximadamente quatro anos.
✅ Notícia muito positiva para a Embraer:
Com 60% do faturamento atrelado aos EUA, a Embraer é uma das mais expostas à tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Trump na última semana.
📉 Uma tarifa cheia de 50% pode impactar os lucros da Embraer em até US$ 475 milhões em 2026, resultando numa redução de 55% a 60% nas projeções operacionais para o período.
Esta venda fortalece a posição da Embraer no mercado internacional de aviação comercial e demonstra a competitividade de seus produtos, especialmente considerando os aspectos de eficiência e sustentabilidade do E195-E2, que opera com combustível sustentável de aviação.
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