Escalada no conflito Irã vs. Israel, mudança na taxa Selic e mais
Resumo da semana (23.06), fique por dentro de tudo que aconteceu de mais importante na economia, política e mercado financeiro na última semana!
Principais manchetes para começar a semana atualizado(a)!
🪖 Irã vs Israel
📊 “Super Quarta” eleva Selic para maior nível em quase 20 anos
📉 Bancos centrais reduzem dólar e ampliam ouro nas reserva
💸 No Brasil, as contas ficaram maiores que a meta
✈️ Gol (GOLL4) vive bolha especulativa com ações negociadas a R$ 200
A escalada do conflito: Irã vs Israel
A última semana marcou o ponto mais tenso do conflito entre Israel e Irã até agora, com uma escalada sem precedentes nos ataques e a entrada direta dos Estados Unidos no confronto. Agora, o conflito ultrapassa a lógica bilateral e entra numa fase de risco global.
Entre os dias 15 e 22 de junho, o Irã realizou uma série de ataques coordenados a Tel Aviv, Haifa, Rehovot e Jerusalém, deixando ao menos 25 civis mortos e mais de 300 feridos.
Do outro lado, Israel lançou uma ofensiva aérea em larga escala contra instalações nucleares e militares no Irã, estima-se que os bombardeios israelenses e americanos tenham provocado entre 430 e 865 mortes no Irã, além de até 3.500 feridos.
📌 A entrada dos Estados Unidos
O ponto de virada veio no sábado (21), quando os Estados Unidos, até então atuando de forma indireta, bombardearam diretamente instalações nucleares iranianas.
Em meio a isso tudo, incluindo a ONU, União Europeia e Turquia, intensificou os apelos por cessar-fogo. Israel, no entanto, sinalizou que continuará com novas fases ofensivas, mirando não apenas infraestrutura nuclear, mas também plataformas de lançamento e centros de inteligência.
🚨 O impacto disso tudo
Em resposta aos ataques americanos, o Parlamento iraniano aprovou resolução para fechar o Estreito de Ormuz.
Por Ormuz passam diariamente 27% do comércio marítimo mundial (20 milhões de barris de petróleo), movimentando US$ 1,5 bilhão por dia. Analistas alertam que o seu fechamento pode elevar o preço do barril acima de US$ 100, o que vai pressionar cadeias produtivas globalmente.
👉 O bloqueio impactaria severamente países asiáticos como Japão (80% das importações) e Coreia do Sul (84%), além da Europa (25%). E teria reflexo direto nos mercados globais.
Até agora:
O petróleo Brent dispara para o nível mais alto em 5 meses, atingindo os US$ 80;
Ativos defensivos, como ouro e dólar, se valorizaram no curto prazo.
Bolsas globais operaram com mais volatilidade, enquanto ações ligadas a defesa, energia e commodities ganharam tração.
🟥 Para o Real (R$): impacto negativo, possível desvalorização
O fechamento de Ormuz fortalece o dólar americano como moeda de reserva, enquanto eleva os custos de importação de petróleo para o Brasil. Esse cenário, pressiona a balança comercial brasileira e enfraquece o Real frente ao dólar.
🟩 Para o dólar frente ao real: impacto é positivo, provável valorização
Afinal, além de servir como reserva de segurança, a elevação do preços do petróleo pode resultar na reativação da produção de shale oil nos EUA o que beneficiaria a economia americana, fortalecendo o dólar frente ao Real brasileiro.
🟩 Títulos Indexados à Inflação: impacto positivo
O fechamento do Estreito de Ormuz pode causar um choque energético global, elevando significativamente os preços do petróleo e combustíveis. Isso resultaria em pressões inflacionárias generalizadas através do aumento dos custos de energia, transporte e produção, beneficiando títulos indexados à inflação que se valorizam em cenários de alta inflacionária.
🟩 Ações de Petróleo e Gás: impacto positivo
Pelo Estreito passam 27% do comércio marítimo mundial de petróleo, logo o seu fechamento criaria um choque de oferta que elevaria drasticamente os preços do petróleo, potencialmente ultrapassando US$ 100 o barril. Isso beneficiaria significativamente as receitas e margens das empresas do setor de petróleo e gás integrados, como Petrobras, PetroRio, xyz
Bancos centrais reduzem dólar e ampliam ouro nas reserva
Pesquisa do World Gold Council com 73 bancos centrais revela mudança estratégica nas reservas internacionais:
76% esperam aumentar ouro nos próximos cinco anos (vs 69% em 2023), enquanto 75% planejam reduzir reservas em dólar (vs 62% anteriormente).
O movimento ocorre após ouro atingir recorde de US$ 3.500,05/onça em abril, alta de 95% desde invasão russa na Ucrânia.
Bancos centrais acumularam mais de 1.000 toneladas de ouro anualmente nos últimos três anos, contra média de 400-500 toneladas na década anterior.
🎯 Diversificação é motivada por proteção contra inflação, incerteza geopolítica e desempenho do ouro em crises. Mercados emergentes lideram a tendência (69% vs 40% de economias avançadas).
“Super Quarta” eleva Selic para maior nível em quase 20 anos
O Banco Central decidiu elevar a Selic de 14,75% para 15% ao ano, atingindo o maior patamar desde julho de 2006. A decisão foi unânime e marca a 7ª alta consecutiva desde setembro de 2024.
Com o aumento, o Brasil passa a ter o 2° maior juro real do mundo.
🤔 O que motivou esse aumento?
Para o comitê, prevaleceu a leitura de que, embora a inflação tenha desacelerado — o IPCA acumulado em 12 meses caiu para 5,25% —, ela ainda segue acima do teto da meta, que é de 4,5% para 2025.
Outro fator que influenciou a decisão foi a proposta do governo de aumentar o IOF, que enfrentou forte resistência e deve ser barrada no Congresso.
✍️O BC sinalizou que deve pausar o ciclo de alta para avaliar os efeitos da política monetária, desde que o cenário de convergência da inflação à meta se mantenha.
Nos Eua, a história é um pouco diferente…
O Federal Reserve manteve os juros americanos na faixa de 4,25% a 4,50%. Essa já é a quarta vez seguida que o Banco Central dos EUA segura os juros.
O comitê reconheceu que as incertezas sobre a economia ainda são altas, mas bem menores do que na última reunião. Mas a decisão não foi muito bem aceita por Trump. O presidente americano chamou Powell de estúpido e ainda disse que talvez ele mesmo devesse assumir o comando do Fed.
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As contas ficaram maiores que a meta
Entre 2023 e 2025, o governo federal acumula mais de R$ 300 bilhões em gastos fora da meta fiscal, ou seja, despesas que ficaram fora do limite das regras fiscais, mas que são permitidas por lei.
📌 O maior volume veio em 2023, devido a dois fatores principais:
A PEC da Transição, que liberou R$ 145 bilhões para custear programas como Bolsa Família, Farmácia Popular e Auxílio Gás.
O pagamento de R$ 92,4 bilhões em precatórios, que são dívidas judiciais acumuladas nos últimos anos.
📉 Em 2024, o valor caiu para R$ 33,8 bilhões.
📈 Mas, deve subir novamente em 2025, com previsão de R$ 49,3 bilhões — sendo quase tudo (R$ 45,3 bi) para pagar precatórios.
Além disso, o governo pediu ao STF que o ressarcimento aos aposentados prejudicados pela fraude no INSS — que pode custar até R$ 4 bilhões.
🤔 Mas, afinal, por que isso importa?
Esses gastos não são ilegais, mas pressionam as contas públicas e dificultam o cumprimento da meta de déficit zero, prometida pelo governo.
Desde 2024, o novo arcabouço fiscal limita o crescimento das despesas a 70% da alta da arrecadação. A regra busca equilíbrio nas contas, mas abre exceções — como precatórios, tragédias (caso dos R$ 29 bi para o RS) e fraudes, como a do INSS.
Governo acelera emendas para aliviar tensão no Congresso
Mais de meio bilhão de reais. Esse foi o valor que o governo Lula liberou em emendas parlamentares desde o sábado (14 de junho), logo após uma reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta, e aliados do Congresso.
🤔 O que está acontecendo?
A demora no pagamento das emendas vinha elevando a tensão entre Congresso e Planalto nas últimas semanas. Parlamentares pressionavam pela liberação dos recursos, travados desde o início do ano.
O Planalto atribui a demora ao atraso na aprovação do Orçamento de 2025, que limitou os repasses até aqui.
🔑 A conversa de sábado virou a chave. De lá para cá, o volume de emendas empenhadas subiu de R$ 151 milhões para R$ 667 milhões — um salto de R$ 516 milhões.
Para quem não sabe, esses envios são repasses de emendas individuais, indicadas diretamente por deputados e senadores às suas bases eleitorais. Até o fim do mês, o valor deve chegar a R$ 2 bi.
😬 Despesas sobem mais do que a arrecadação:
Se, de um lado, o governo tenta acalmar o Congresso, do outro lida com uma conta crescente.
As despesas federais avançaram R$ 344 bilhões desde o início do mandato de Lula, ritmo quase 2x maior do que o crescimento da arrecadação (+R$ 191 bilhões).
🚨 O desequilíbrio acende o alerta: o governo pode fechar 2025 com um déficit de 0,77% do PIB, o que pressiona a dívida pública — que deve crescer 12 pontos percentuais até 2027.
Americanas (AMER3) reduz dívida fiscal em R$ 500 mi
A Americanas (AMER3) anunciou acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) que resultou em desconto de mais de R$ 500 milhões sobre dívida total de R$ 865 milhões, representando redução de aproximadamente 58% do valor.
O acordo aplicou desconto de 100% dos juros e multas, limitado a 70% do valor consolidado do débito.
Os efeitos do acordo serão refletidos nas demonstrações financeiras do segundo trimestre de 2025, melhorando substancialmente a situação financeira da empresa.
🟩 Impacto positivo para Americanas (AMER3):
A quitação do saldo remanescente será feita através de depósitos judiciais, créditos fiscais e caixa próprio, demonstrando capacidade de pagamento e resolução de passivos contingentes importantes.
Geopolítica derruba contrato bilionário da Embraer
A Embraer sofreu um golpe duro no mercado internacional. 😬
A LOT Polish Airlines, principal companhia aérea da Polônia, anunciou a compra de 40 jatos Airbus A220, num acordo avaliado em US$ 2,7 bilhões — o maior já fechado pela companhia polonesa.
🤔 Mas, por que isso importa?
A decisão da LOT rompe uma relação de décadas com a brasileira Embraer — e o motivo pode estar longe de preço ou performance.
✍️ Analistas apontam que o fator geopolítico foi crucial na decisão.
A recente visita do presidente Lula a Moscou, em meio à guerra na Ucrânia, pegou mal na Polônia — um dos países mais alinhados com os EUA e críticos de Vladimir Putin na Europa.
A própria Embraer reconheceu, em comunicado, que “a geopolítica desempenhou um papel relevante” na escolha.
Para uma empresa que faturou R$ 35,4 bilhões em 2024, perder um contrato desse tamanho não deixa de ser algo considerável, embora tenha fechado um belo contrato de US$ 3,6 bilhões a preços de lista com a SkyWest nessa semana.
Gol (GOLL4) vive bolha especulativa com ações negociadas a R$ 200
A Gol saiu do Chapter 11 com reforço de R$ 12 bilhões em capital e emissão de quase 9 trilhões de novas ações, mas vive uma distorção severa de preços.
As ações chegam a ser negociadas acima de R$ 200, mesmo com direitos de subscrição disponíveis por apenas R$ 10.
O múltiplo de EBITDA próximo a 50 vezes é considerado 10 vezes superior ao razoável para uma empresa que acabou de sair da recuperação judicial com muitas dívidas.
A B3 tentou conter a especulação determinando negociação em lotes de mil ações, mas a medida causou mais confusão.
📉 Esta bolha especulativa tende a se corrigir, especialmente com o prazo final para exercer direitos de subscrição se aproximando em 11 de julho, o que deve pressionar os preços para baixo.