Dólar em queda, o encontro de Trump e Putin, Kodak pode falir e mais
Resumo da semana (18 de agosto), fique por dentro de tudo que aconteceu de mais importante na economia, política e mercado financeiro na última semana!
Principais manchetes para começar a semana atualizado(a)!
💸 Real fecha o mês como a moeda mais forte frente ao dólar
📄Governo lança pacote contra tarifaço dos EUA
📉 Dólar alcança menor valor em 14 meses
📣 O encontro de Trump e Putin
😬 O filme da Kodak pode estar próximo do fim
Real fecha o mês como a moeda mais forte frente ao dólar
Apesar do ambiente turbulento causado pelo tarifaço de Donald Trump contra o Brasil, o Real valorizou 3,7% em julho, liderando o ranking mundial de desempenho cambial frente ao dólar.
🪙 A cotação saiu de quase R$ 5,60 para R$ 5,41 no período, garantindo ao Brasil o título de moeda mais forte do planeta no mês.
🤔 O que explica esse movimento?
Fluxo estrangeiro: entrada de capital externo em busca de ativos brasileiros.
Commodities: alta nas exportações de soja, minério e petróleo sustentou a balança comercial.
Selic elevada: atraiu investidores em renda fixa.
Dólar fraco: o Dollar Index já acumula queda de 20% em 2025, pressionado pela expectativa de cortes de juros nos EUA e pelas críticas de Trump ao Federal Reserve, que aumentaram a percepção de risco institucional no país.
✍️ O que significa?
A valorização mostra que investidores estão buscando diversificação fora dos EUA, migrando recursos para economias emergentes como o Brasil. Embora o dólar continue sendo referência no comércio global, o movimento indica uma abertura de espaço para moedas locais ganharem força em períodos de instabilidade americana.
Governo lança pacote contra tarifaço dos EUA
Uma semana após os Estados Unidos aplicarem tarifas de 50% sobre um terço das exportações brasileiras, o governo federal anunciou o programa “Brasil Soberano”, voltado a proteger empresas e empregos.
Diferente de outras crises comerciais, não haverá retaliação imediata contra os americanos: a estratégia é ganhar tempo, dar suporte ao setor produtivo e negociar reversão das tarifas.
📌Principais medidas:
Linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas afetadas, condicionada à manutenção de empregos.
Prorrogação por um ano do drawback, isentando ou suspendendo tributos sobre insumos importados destinados à exportação.
Crédito tributário sobre vendas externas, de até 3,1% para médias e grandes empresas e 6% para micro e pequenas, com impacto estimado em R$ 5 bilhões até 2026.
Maior acesso a seguros de exportação, com foco em pequenas e médias companhias.
Compras públicas direcionadas (União, estados e municípios) para absorver produtos brasileiros atingidos pelas sobretaxas.
Incentivo à diversificação de mercados, reduzindo a dependência do mercado americano.
📣 O anúncio:
Durante o seu discurso, o presidente Lula reforçou que o Brasil não pretende escalar a tensão:
“Não vamos piorar nossa relação. Mas também não aceitamos ser taxados sem razão ou acusados de não respeitar direitos humanos.”
O presidente defendeu que a crise seja vista como oportunidade de inovação e reafirmou o compromisso de preservar empregos e competitividade enquanto negocia com Washington.
✍️ Próximos passos
O pacote entrou em vigor via medida provisória, mas depende de aprovação do Congresso em até 120 dias para continuar valendo. Até lá, o governo aposta no alívio imediato para as empresas e em frentes diplomáticas para tentar reduzir os impactos do tarifaço.
Dólar alcança menor valor em 14 meses
Na última terça-feira, o dólar encerrou o pregão em queda de 1,06%, cotado a R$ 5,38 — menor valor desde junho de 2024. Na contramão, o Ibovespa avançou 1,69%, refletindo maior apetite por risco no mercado local.
📉 Por que caiu?
Inflação abaixo do esperado: tanto no Brasil (IPCA +0,26% em julho, acumulado de 5,23% em 12 meses) quanto nos EUA (CPI +0,2% no mês, +2,7% em 12 meses), os números vieram menores que o consenso.
Apostas em cortes de juros: dados mais fracos reforçam a expectativa de flexibilização monetária em ambos os países.
📌 O movimento do câmbio não é isolado.
O Dollar Index (DXY), que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas, vem acumulando perdas expressivas em 2025, pressionado pela perspectiva de cortes no Fed e pelo ambiente político conturbado nos EUA.
Isso amplia a busca de investidores por diversificação cambial.
📊 No Brasil, o câmbio encontra suporte em três fatores adicionais:
Fluxo de commodities: exportações de soja, petróleo e minério sustentam entrada de dólares.
Selic ainda alta: mesmo com espaço para queda, o juro real segue entre os maiores do mundo.
Confiança relativa: apesar do impacto do tarifaço americano, o Brasil tem sido visto como alternativa em meio às incertezas nos EUA.
🤔 O que significa?
Com os dois países mostrando pressão inflacionária menor, crescem as apostas em cortes de juros tanto no Brasil quanto nos EUA. Esse movimento tende a:
Enfraquecer o dólar globalmente, já que juros menores reduzem a atratividade da moeda.
Impulsionar bolsas de valores, com investidores direcionando recursos para ativos de risco.
Trump e Putin discutem questões sobre a guerra Ucrânia x Rússia
Donald Trump e Vladimir Putin se reuniram em Anchorage (Alasca) em uma cúpula bilateral que terminou sem um acordo de cessar-fogo e sem imposição imediata de novas sanções à Rússia. Ambos fizeram declarações públicas ao final do encontro, mas não houve definição de termos concretos para um acordo de paz.
📝 Novos fatos e declarações-chave
Trump disse que houve “avanços” e que agora existe “uma boa chance” de chegar a um acordo, mas ressaltou que “não há acordo até que haja um acordo”.
📌 A delegação russa manteve posições duras:
Relatos apontam que Putin reafirmou reivindicações sobre territórios (Donetsk/Luhansk/Crimeia) e defendeu garantias que impeçam a entrada da Ucrânia na OTAN. Moscou saiu com sensação de vantagem no tom público.
📌 Não houve cessação das hostilidades:
Ataques e operações continuaram em várias frentes na Ucrânia após o encontro.
📣 Reações imediatas:
A Ucrânia classificou como inaceitável qualquer concessão territorial e pediu inclusão direta no processo de negociação; Zelensky e sua equipe mantêm posição de não ceder território.
Analistas e instituições ocidentais reagiram com ceticismo: especialistas alertam que a cúpula teve palco político e pouca substância prática, e que um “acordo” — se vier — dificilmente agradará totalmente Moscou ou Kiev.
No mercado e no Congresso americano houve mistura de críticas e apoio tático: alguns legisladores defendem sanções mais duras, enquanto a Casa Branca e o próprio presidente ponderaram manter a via diplomática antes de aplicar medidas imediatas.
A jogada de Trump que mira a China e atinge o Brasil
No mesmo dia em que prorrogou por 90 dias a trégua tarifária com a China, Donald Trump colocou uma nova condição nas negociações comerciais: quer que Pequim quadriplique as importações de soja americana.
🎯 O objetivo é duplo:
Reduzir o superávit chinês e agradar o eleitorado rural, base central de sua campanha.
Hoje, os EUA respondem por cerca de 20% da soja consumida pela China, volume que já foi o dobro em 2016, antes da guerra comercial.
Para alcançar a meta de Trump, os chineses teriam que reduzir compras de outros fornecedores, especialmente o Brasil.
📌 O impacto para o Brasil:
Nós somos o principal exportador de soja para a China, com 74,7 milhões de toneladas em 2024, faturando US$ 36,5 bilhões. Se Pequim deslocar parte relevante dessas compras para os EUA, o Brasil perde espaço no maior mercado de soja do planeta, afetando diretamente o superávit comercial e a balança agrícola.
Para igualar o volume brasileiro, os EUA precisariam vender quase 4 vezes mais do que exportaram em 2024 (22,1 milhões de toneladas).
😬 A ofensiva de Trump coloca o Brasil numa posição delicada:
Perda de mercado na China, se os americanos conquistarem maior fatia;
Mais barreiras nos EUA, em meio ao tarifaço já imposto contra exportações brasileiras.
✍️ Em resumo:
Ao mirar a China, Trump pode acabar atingindo em cheio o agronegócio brasileiro, em um movimento que combina pressão geopolítica e disputa eleitoral interna.
Algumas manchetes que movimentaram a Bolsa brasileira
São Martinho (SMTO3) aprova expansão de etanol de milho com investimento de R$ 1,1 bi
Exportações de café caem 27,6% em julho com tarifa dos EUA
Gol (GOLL4) reduz prejuízo para R$ 1,5 bi no 2T25 após recuperação judicial
Ações da Apple disparam
📈 A melhor semana em 5 anos.
As ações da Apple dispararam 13%, fechando a US$ 229,35 — o melhor desempenho semanal desde 2019. O salto adicionou cerca de US$ 400 bilhões ao valor de mercado da companhia, que agora soma US$ 3,4 trilhões, atrás apenas de Microsoft e Nvidia.
🤔 O que explica essa alta?
O grande gatilho foi a visita de Tim Cook à Casa Branca, ao lado de Donald Trump. No evento, a Apple anunciou um pacote de US$ 100 bilhões em investimentos nos EUA nos próximos quatro anos, voltado para empresas e componentes locais.
Em troca, recebeu um benefício crucial: isenção de tarifas sobre chips importados.
Impacto: menos custo na cadeia de produção e redução da vulnerabilidade às tensões comerciais.
Leitura de mercado: reforço do compromisso da Apple em “americanizar” parte de sua base produtiva, diminuindo riscos geopolíticos.
✅ Fundamentos positivos
Além do gesto político, os números recentes também ajudaram a manter o otimismo:
Receita: +10% no trimestre, chegando a US$ 94,9 bilhões.
iPhones: vendas cresceram 13%.
Serviços (Apple Music, iCloud, etc.): alta de 14%, consolidando a diversificação da receita.
📌 O movimento reforça a simbiose entre política e mercado:
O movimento reforça a relação entre política e mercado. Para Trump, é a chance de mostrar que grandes empresas estão ampliando seus investimentos nos Estados Unidos. Para a Apple, significa conquistar alívio tarifário e reduzir riscos geopolíticos ao fortalecer sua base produtiva no país. Já para os investidores, a percepção é de maior previsibilidade e segurança, fatores que explicam a forte valorização das ações.
O filme da Kodak pode estar próximo do fim
A Eastman Kodak, ícone da fotografia com 133 anos de história, admitiu em seu último relatório de resultados que pode não sobreviver sem uma injeção urgente de capital. A companhia declarou não ter liquidez suficiente para arcar com cerca de US$ 500 milhões em dívidas futuras, o que derrubou as ações em quase 20% no pregão seguinte.
📝 Medidas de emergência
Para tentar ganhar fôlego, a Kodak pretende suspender os pagamentos do plano de pensão, medida drástica que evidencia a gravidade da crise.
No fim de junho, a empresa contava com apenas US$ 155 milhões em caixa, insuficientes para atravessar os compromissos financeiros dos próximos trimestres.
📊 Do auge à decadência
Nos anos 1970, a Kodak dominava 90% das vendas de filmes fotográficos e 85% das câmeras nos EUA. Em 1975, ironicamente, foi a própria empresa que desenvolveu a primeira câmera digital, mas não conseguiu transformar a inovação em modelo de negócios sustentável.
A revolução digital acabou minando o império da marca.
Em 2012, a companhia pediu falência e, desde então, buscou reposicionamento em impressão industrial e, mais recentemente, em farmacêuticos, com uma fábrica reformada que deve começar a produzir medicamentos ainda em 2025.
🤔 O que está em jogo?
Sem um “bote salva-vidas” financeiro, a Kodak corre o risco de encerrar de vez suas operações. O contraste entre o passado de glória e o presente de fragilidade transforma a empresa em um símbolo do impacto da disrupção tecnológica — e pode selar sua trajetória como apenas uma lembrança fotográfica para as próximas gerações.
Banco do Brasil (BBAS3) divulga resultado e tem lucro 60% menor no 2T25
O Banco do Brasil apresentou um lucro líquido de R$ 3,8 bilhões no 2T25, queda de 60% ano a ano, segundo análise do Safra.
O desempenho reflete um ambiente operacional mais adverso, especialmente pelo aumento da inadimplência na carteira rural, que avançou 140 pontos-base em relação ao trimestre anterior, exigindo provisões mais robustas.
Apesar do quadro desafiador, a margem financeira (NII) surpreendeu positivamente: superou as estimativas em 4%, atingindo R$ 25,1 bilhões, puxada pela reprecificação da carteira de pessoas físicas.
🔍 Perspectivas
A qualidade dos ativos segue frágil e levanta dúvidas sobre a meta de lucro líquido para 2025, projetada entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões, considerada elevada diante do cenário.
Em termos de valuation, BBAS3 negocia a um P/E de 5 vezes para 2025, com dividend yield bruto de 5,4%, patamar pouco atrativo para investidores focados em renda passiva.
📌 Visão Geral do resultado
O resultado do Banco do Brasil no 2T25 reflete um ambiente deteriorado e aumento da inadimplência pressiona as provisões futuras. Apesar da margem financeira (NII) ter superado as expectativas, a qualidade dos ativos permanece ruim e a meta de lucro parece alta e difícil de ser alcançada. Além disso, o múltiplo P/E projetado para 2025 indica que a ação não está barata, e o rendimento de dividendos não é atrativo, reforçando uma visão cautelosa.