Brasil taxado em 50%, a prisão de Bolsonaro, o prejuízo da Petrobras e mais
Resumo da semana (11.08), fique por dentro de tudo que aconteceu de mais importante na economia, política e mercado financeiro na última semana!
Principais manchetes para começar a semana atualizado(a)!
📄 A investigação de Bolsonaro nos últimos 7 dias
💸 Tarifas americanas de 50% a produtos brasileiros entra em vigor
👉 Petrobras lucra bilhões e, mesmo assim, sai no prejuízo
📉 A maior queda do Banco do Brasil
😬 Um dos episódios mais frustrantes de Warren Buffet
Tudo sobre a investigação de Bolsonaro nos últimos 7 dias
A semana foi movimentada na política brasileira com essa novela ganhando mais alguns capítulos.
🚓 Moraes decreta prisão domiciliar de Bolsonaro
Na segunda-feira, 4 de agosto, Alexandre de Moraes (STF) decretou prisão domiciliar para Jair Bolsonaro por violação de medidas cautelares no processo que apura tentativa de golpe.
🤔 O motivo?
Um vídeo postado no domingo (03 de agosto), e apagado horas depois, nas redes sociais de Flávio Bolsonaro, o qual colocou o pai no viva-voz para cumprimentar manifestantes em Copacabana: “É pela nossa liberdade. Estamos juntos”, disse o ex-presidente.
📌 O que muda com a prisão?
Agora Bolsonaro, não poderá:
Sair de casa e deverá continuar usando a tornozeleira eletrônica;
Receber visitas, a não ser de familiares próximos e advogados previamente autorizados por Moraes;
Usar celular e redes sociais, seja diretamente ou por intermédio de terceiros.
⏰ Um lado comemora, enquanto o outro condena.
A direita brasileira acusa Moraes de tentar silenciar Bolsonaro após as manifestações, e ainda questionam o timing da decisão — horas após a publicação de um dossiê por um jornalista americano com supostas provas de uma força-tarefa ilegal do STF para investigar bolsonaristas após os atos de 08/01.
😬 No STF a decisão também não pegou bem…
Nos bastidores, a medida foi considerada precipitada por parte da Corte. Afinal, sem consultar os colegas, Moraes usou sua prerrogativa de relator para ordenar a prisão, para alguns ministros, o ideal seria ignorar a provocação e aguardar o julgamento de setembro.
📌 A reação política veio rápido.
Entre 5 e 6 de agosto, parlamentares de oposição ocuparam as mesas da Câmara e do Senado em protesto à decisão de Moraes, atrapalhando o andamento de sessões e gerando cenas de pernoite nos plenários.
Além disso, anunciaram que vão atrapalhar e bloquear outras votações, mirando pressionar pela aprovação de três principais pautas:
Anistia aos condenados do 08 de janeiro;
Fim do foro privilegiado a parlamentares, tirando políticos do escopo do STF;
Impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
📝 No front jurídico, a defesa de Bolsonaro recorreu ao STF pedindo a revogação da domiciliar e, se necessário, o envio do tema ao colegiado.
📬 E a notícia também repercutiu lá fora…
O governo dos Estados Unidos condenou publicamente a ordem de prisão domiciliar e afirmou que responsabilizará “todos os que colaborarem com condutas sancionadas”.
E no sábado (9 de agosto), o vice-secretário do Departamento de Estado americano, Christopher Landau, fez uma publicação no X uma mensagem dizendo que:
“um único ministro do STF usurpou poder ditatorial”, que teria “destruído a relação histórica” Brasil–EUA ao tentar aplicar a lei brasileira extraterritorialmente para silenciar indivíduos e empresas em solo americano e que o momento entre os países é “sem precedentes e anômalo”, um “beco sem saída” porque “não se negocia com um juiz”.
A Embaixada dos EUA no Brasil republicou o texto traduzido para o português.
📣 Em resposta, o Itamaraty protestou e classificou as declarações como “ataque frontal à soberania brasileira”, marcando posição pública e sinalizando que seguirá respondendo quando considerar haver ingerência.
📝 Moraes autorizou visitas familiares para Bolsonaro no dia dos pais
Mantendo regras como horários definidos e restrições de celulares para evitar violações às cautelares. Com isso, Bolsonaro completou uma semana em prisão domiciliar recebendo parentes, enquanto aliados mantiveram manifestações do lado de fora.
Tarifaço de Trump: alíquota de 50% a produtos brasileiros entra em vigor
Na quarta (6/8), entrou em vigor a tarifa de importação de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros.
A medida aplica uma sobretaxa de 40 pontos percentuais a uma alíquota de 10% que já vinha sendo aplicada sobre os importados do Brasil.
Um ponto positivo é que os produtos que já estavam embarcados e "em fase final" de traslado não serão sobretaxados.
😐 Dos males, o menor:
Do tarifaço, foram poupados 44,6% da pauta exportadora do Brasil aos EUA, segundo cálculo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Para produtos como petróleo, suco de laranja, aviões e suas partes, além de celulose, ficará válida a alíquota de 10%.
A lista trouxe um alívio para uma série de setores, além de levar a uma redução nas estimativas do impacto sobre o Produto Interno Bruto (PIB), mas manteve o alarde entre alguns dos grandes exportadores aos EUA - como os cafeicultores e os pecuaristas - e setores menores que dependem do comércio com os norte-americanos - como os madeireiros e aquicultores.
📄 Plano de contingência brasileiro
O governo brasileiro deve anunciar na quarta-feira (13) um plano de contingência para empresas impactadas pelas tarifas de 50% impostas pelos EUA. O vice-presidente Geraldo Alckmin se reúne hoje (11 de agosto) com o presidente Lula para finalizar os detalhes das medidas. No mesmo dia, o ministro Fernando Haddad terá reunião virtual com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.
📌 Segundo informações da GloboNews, o pacote contempla três medidas principais:
Criação de linhas de crédito específicas para empresas impactadas;
Adiamento de tributos e contribuições federais por dois meses (similar ao modelo adotado durante a pandemia);
Compras governamentais de produtos perecíveis sem licitação, que poderiam ser destinados a merendas escolares e restaurantes populares.
🤔 Qual o real impacto do tarifaço de Trump para os americanos?
A nova onda de tarifas do governo Trump já começou a render:
As receitas com impostos sobre importações somaram US$ 152 bilhões até julho, quase o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior.
💸 Analistas estimam que a receita adicional pode superar US$ 2 trilhões nos próximos 10 anos, ajudando a compensar parte dos cortes de impostos recentemente aprovados pelo Congresso, que devem custar US$ 3,4 trilhões.
😬 Mas, existe o efeito colateral…
A tarifa média dos EUA sobre importações saltou para 18,2% — a maior desde 1934.
Isso encarece os produtos do dia a dia, afetando, especialmente, os americanos de baixa renda — principais compradores de bens importados.
📊 Além disso:
A inflação subiu para 2,7% em junho, puxada por produtos importados, como eletrodomésticos, brinquedos e livros;
O déficit comercial bateu recorde de US$ 162 bilhões em março, embora tenha recuado para US$ 86 bilhões em junho;
Baixo crescimento das exportações, enquanto as importações dispararam, com empresas estocando produtos antes da entrada das novas taxas.
No curto prazo, as tarifas se mostram um belo artifício de arrecadação. O que resta saber é se elas serão realmente benéficas para os americanos — seja governo ou população — no longo prazo.
Presidente da Áustria cancela participação na COP 30 por altos custos da viagem
No último Resumo da Semana, te contamos sobre a insatisfação dos países com relação aos preços das acomodações em Belém (PA) para a COP 30. Agora, o presidente da Áustria, Van der Bellen, disse que não irá participar da conferência, por causa dos altos custos da viagem.
📣 Bellen destacou a importância da conferência para o enfrentamento da crise climática e o "grande valor simbólico" do local escolhido, mas afirmou que:
"Os custos particularmente altos para a participação do Presidente Federal na COP deste ano, além da delegação austríaca de negociadores, não estão dentro da estrutura orçamentária apertada da Chancelaria Presidencial por razões logísticas".
Com a ausência do presidente, o ministro do Meio Ambiente, Norbert Totschnig, será o representante do país na conferência.
📌 A questão se tornou oficial
Na semana passada, o escritório climático da Organização das Nações Unidas (ONU) realizou uma reunião de emergência para debater os altos preços das acomodações.
A crise se agravou quando 25 países entregaram uma carta na qual questionam a situação. Entre os signatários está o bloco dos Países Menos Desenvolvidos (LDC, em inglês), que inclui 44 países em desenvolvimento como Tuvalu, Libéria, Angola, Gâmbia, entre outros.
O carnê virou tendência mundial
Batizado lá fora como Buy Now, Pay Later (BNPL), o carnê tem atraído bancos, fintechs e gestoras.
Popular entre jovens e impulsionado por plataformas como Klarna, Affirm e PayPal, o BNPL permite parcelar compras em até 4 vezes sem juros, normalmente em 6 semanas. O lojista recebe à vista com desconto médio de 3%, e o consumidor sai com o produto na hora.
📈 O formato escalou no mundo: o gasto online via BNPL passou de US$ 2,2 bilhões (2014) para US$ 342 bilhões (2024), segundo a Worldpay.
🤔 Por que o mundo está copiando?
BNPL remove “travas” de preço no checkout e amplia acesso ao crédito, elevando conversão e ticket médio.
Evidências mostram que, após adotar BNPL, clientes gastam ~6,4% a mais em média, reforçando o apelo do modelo para o varejo digital.
📊 A tendência deve continuar e o maior apelo é entre os jovens. Apenas 2% dos clientes do Bank of America nascidos antes de 1965 usam o serviço, contra 10% dos millennials e Gen Z.
😬 Mas, nem tudo são flores:
A taxa de inadimplência preocupa: saltou de 15% (2021) para 24% (2024), segundo o Banco Central americano.
Críticos acusam o modelo de facilitar o endividamento entre os mais vulneráveis e contornar regulações tradicionais de crédito.
📌 No Brasil, vem aí o Pix Parcelado.
Anunciado em abril desse ano pelo Banco Central, o pix parcelado deve chegar em setembro de 2025. Quem estiver recebendo terá acesso a todo o valor instantaneamente, mas quem estiver pagando poderá parcelá-lo.
Algumas manchetes que movimentaram a Bolsa brasileira
Banco Pan (BPAN4) registra queda de 9% no lucro do 2T25
Petrobras lucra bilhões — e, mesmo assim, sai no prejuízo
As ações da estatal despencaram quase 8% na Bolsa de Valores, resultando em uma perda de quase R$ 32 bilhões em valor de mercado em apenas um pregão.
🤔 O que explica esse movimento?
O tombo veio depois da divulgação do balanço do 2º trimestre.
📉 A empresa reportou um lucro de R$ 26,7 bilhões, revertendo prejuízo de um ano atrás, mas apresentando uma queda de 24,3% em relação ao trimestre anterior devido à redução do preço do Brent.
Além disso, a estatal anunciou R$ 8,6 bilhões em dividendos (R$ 0,6719 por ação), divididos entre novembro e dezembro, o que decepcionou boa parte do mercado que esperava um valor 20% acima.
📌E tem mais:
A Petrobras teve entrada de US$ 7,5 bilhões no período, enquanto analistas esperavam algo em torno de US$ 8,2 bilhões.
O lucro operacional caiu 5% em relação ao trimestre anterior e 10% em comparação com o ano passado, impactado pela queda no preço do petróleo e por custos mais altos.
📈 No lado positivo, a produção aumentou.
Mas não foi suficiente para animar os investidores, que ainda viram o anúncio do retorno da Petrobras à distribuição de gás de cozinha como sinal de possível interferência política — algo que pode apertar margens e reduzir retornos.
📣 Magda Chambriard rebateu as críticas
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, reagiu à forte queda das ações da companhia afirmando que "quem apostou contra a Petrobras vai perder dinheiro" e que "quem vendeu vai se arrepender".
Magda defendeu que analistas não consideraram itens extraordinários que impactaram os resultados do segundo trimestre, reiterando o compromisso com sua gestão e o potencial de geração de caixa da companhia.
🟩 Morgan Stanley mantém recomendação de compra
O banco mantém visão positiva sobre a Petrobras, atribuindo a decepção nos dividendos a questões de capital de giro, consideradas temporárias, e não a problemas estruturais.
Ainda ressaltam que os fluxos de caixa da empresa são resilientes mesmo com preços baixos do petróleo, mantendo capacidade de pagar dividend yields atrativos. Contudo, a aprovação de investimentos em distribuição de combustíveis pode pesar negativamente no curto prazo.
A maior queda do Banco do Brasil
O Banco do Brasil (BBAS3) enfrentou sua pior queda desde janeiro de 2023.
📉 As ações recuaram 6,85%, perdendo R$ 7,7 bilhões de seu valor de mercado.
Com isso, a estatal voltou ao patamar de R$ 104,75 bilhões, o mesmo de 18 meses atrás, bem distante do pico de R$ 170 bilhões, atingido em fevereiro de 2024.
🤔 O que explica esse movimento?
A queda não aconteceu por acaso. O Banco do Brasil enfrenta um momento nebuloso com aumento da inadimplência em sua carteira de crédito, tanto no segmento do agronegócio quanto nos clientes de varejo e corporativo.
Isso deve penalizar significativamente os resultados do banco e reduzir a distribuição de proventos - as estimativas apontam para uma queda de até 70% nos dividendos em comparação ao trimestre anterior.
📊 Em maio, a companhia registrou lucro de apenas R$ 516 milhões, número 70% inferior aos R$ 1,7 bilhão de abril, e queda de 85% no acumulado do ano.
Com o valor de mercado encostando na faixa dos R$ 100 bi, o mercado parece ter perdido a paciência (e parte da fé) no banco mais antigo do país.
🗓 Os resultados do 2T25, serão divulgados essa quinta (14 de agosto), após o fechamento do mercado.
⬜️ JP Morgan manteve recomendação neutra
Os analistas do banco, mantiveram recomendação neutra, mas reduziram o preço-alvo de R$ 26 para R$ 25. Para 2025, cortaram a estimativa de lucro recorrente em 11%, para R$ 22,504 bilhões, representando queda de 41% ano a ano. Para 2026, a projeção de lucro foi reduzida em 6%, para R$ 28,532 bilhões.
A Kraft Heinz tem gosto de prejuízo para Buffett
Um dos episódios mais frustrantes da trajetória do megainvestidor.
A Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, reconheceu que sua aposta na Kraft Heinz não deu o retorno esperado, e marcou um prejuízo de US$ 3,8 bilhões com a participação na gigante de alimentos.
📊 O valor contábil do ativo caiu para US$ 8,4 bilhões, metade do registrado em 2017.
Buffett ainda tem lucro acumulado no investimento, mas viu as ações da Kraft Heinz despencarem 62% desde 2015, enquanto o S&P 500 avançou 202% no mesmo período.
📉 O resultado também pesou no balanço da holding.
O lucro operacional do segundo trimestre caiu 4%, para US$ 11,16 bilhões, e a receita recuou para US$ 92,5 bilhões — ambos abaixo das expectativas.
Já o lucro líquido caiu de US$ 30,35 bi para US$ 12,37 bi em apenas um ano.
Parece que os efeitos da iminente saída de Buffett como CEO da empresa já estão sendo sentidos…